Capacidade de distinguir orientação sexual parece ser inconsciente
Estudo mostra que é possível julgar quase instantaneamente se uma pessoa é hetero ou homossexual a partir de seu rosto.
Por Alessandro Greco
A habilidade de distinguir a orientação sexual nos humanos parece ser inconsciente. É o que sugere um estudo publicado nesta quarta-feira (16) no periódico científico PLoS One.
O trabalho, feito com 129 estudantes, mostrou imagens de 96 rostos de jovens adultos sem nenhum tipo de cabelo ou adorno. Para cada um deles, a pergunta foi qual era o orientação sexual da pessoa na foto: hetero ou homossexual.
O resultado mostrou que mesmo ao colocar na frente dos estudantes as imagens de cabeça para baixo por apenas 50 milissegundos – um terço do tempo de uma piscadela — eles eram capazes de identificar se a pessoa era gay ou lésbica. O aspecto mais surpreendente é que a orientação sexual de homens e mulheres pode ser avaliada com resultados acima do estatisticamente considerado como acaso mesmo quando as imagens foram apresentadas de cabeça para baixo.
“A descoberta de que o ‘gaydar’ é estatisticamente acima do acaso mostra que a capacidade de julgamento humana é altamente eficiente”, explicou Joshua Tabak ao site iG, principal autor do artigo, da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, se referindo à gíria em inglês que une as palavras radar e gay. E completou: “Uma das possibilidades mais intrigantes aberta por este estudo – mas que não testada diretamente nele – é de que as pessoas podem julgar a orientação sexual das outras sem intenção nem consciência. Em colaboração com Vivian Zayas, professora da Universidade de Cornell, estamos testando atualmente a possibilidade de que as pessoas diferenciam rostos de homossexuais e heterossexuais mesmo quando não têm a intenção de julgar a orientação sexual deles”.
Mais precisão com mulheres
O trabalho constatou também uma diferença na habilidade dos estudantes em distinguir a orientação sexual de mulheres e homens. No caso das mulheres, eles foram capazes de prever com 65% de precisão a diferença entre o rosto de uma lésbica e uma heterossexual quando a imagem estava na posição normal (de cabeça para cima). Com a imagem de ponta cabeça, o número diminuiu um pouco, chegando a 61%.
No caso dos rostos masculinos, os resultados foram um pouco menores: 57% e 53% respectivamente. Os pesquisadores acreditam que essa diferença foi devido a falsos positivos no caso dos homens – uma taxa maior de afirmações de que o dono do rosto era gay quando não era o caso.
“Há diversas razões possíveis para isso e o experimento não aponta para uma razão definitiva. É possível que as pessoas sejam mais flexíveis em indicar um rosto de um homem como gay (em relação ao de uma mulher) – mesmo que isso seja um erro – devido à relativa proeminência do conceito de ‘homem gay’ (vs. ‘lésbica’) na cultura popular como em programas de TV, mas isto é apenas especulação”, afirmou Tabak. Já as características faciais que diferenciariam rostos de hetero e homossexuais em homens e mulheres não foram analisadas pelos pesquisadores.
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