João Junior

Ipanema não é o coração LGBT do Rio de Janeiro!

Por João Junior

Ipanema não é o coração LGBT do Rio de Janeiro!

Foto: Carlos Ivan

Avenida Mem de Sá tomada por pedestres numa noite de sexta-feira.

Toda grande cidade que se preze tem o seu “Castro”, um “Greenwich Village”, seu próprio “Soho” ou sua “Gayxample”, bairros assumidamente gays de São Francisco, Nova York, Londres e Barcelona. Nessas cidades, assim como em muitas outras pelo mundo, um bairro famoso pela predominância da comunidade gay é forte motivo de orgulho. No Brasil a homofobia internalizada ainda faz com que uma parte dessa comunidade tenha dificuldade de celebrar a própria visibilidade. Mas é algo que estamos melhorando.

Em São Paulo podemos dizer facilmente que a gigantesca área que vai do Largo Arouche, passando pela República seguindo até a Av Paulista, delimitada pelas Rua da Consolação e a Av Nove de Julho é a área LGBT da maior cidade do país. No Rio de Janeiro, contudo, uma injustiça vem sendo cometida, injustiça essa que está coluna, na sua estreia, vai ajudar a corrigir. Tradicionalmente (em especial a rua Farme do Amoedo) Ipanema é tida como o epicentro gay da cidade. Mas uma olhada rápida mostra que o bairro chique está ainda bem longe disso. Sim, é verdade que na areia da praia, a faixa que vai do posto 08 ao posto 09 são o que poderíamos chamar de “Gay Beach” da cidade. Mas fora isso o bairro possui apenas dois estabelecimentos comerciais realmente voltados para essa comunidade: A boate Galeria Café e uma sauna. Ambos na rua Teixeira de Melo. Alguns poderiam argumentar que o Bar “To Nem Ai” seria ao menos um lugar gay, mas a verdade é que como o nome do lugar já diz, eles não estão nem ai para os gays que passam por ali.

Para o bem da verdade é na Região entre o Centro e Lapa onde tudo literalmente acontece. A área abriga a maior variedade e quantidade de estabelecimentos voltados para o público LGBT. O centro abriga desde a glamorosa e sempre divertida The Week até um depósito “pé sujo”. É o centro que agita a vida noturna gay da cidade.

Podemos dizer que toda a área da Lapa é bem gay, ou gay-freindly. Já no início do bairro temos o bar de samba “Beco do Rato” que nos fins de semana fica lotado de pessoas de todos os lugares e todas as orientações sexuais. Ainda antes dos arcos temos um depósito de bebidas, “pé sujo”, que as sextas-feiras é abrigo de muitos gays que gostam de uma cerveja gelada e barata. Apelidado pelos frequentadores de “Não To Nem Ai”, em referência aos bar “chique” de Ipanema, o depósito também é famoso pelas confusões entre os bebuns na porta. Lá é tiro, porrada e bomba, mas vale a pena a visita rsrsrs! Ao lado temos a FEBARJ espaço de resistência da cultura negra na região que vira a madrugada ao som de muito Hip-Hop e R&B. Lá a mistura é total, é quase impossível saber quem é gay, bi ou hetero. Muitos “manos” saem de lá acompanhados e aos beijos com outros “manos”. Muita testosterona, muita pinta, tudo junto. É um fervo!

Passando por debaixo dos Arcos da Lapa, (vale a apena parar alguns minutos no sambinha que rola ali) todos aqueles bares que se seguem são gay-friendlys. É bem comum ver casais gays andando de mãos dadas e se beijando na porta dos locais. Uma boate famosa dessa área é o Cine Odisseia. O local abriga festas variadas, por isso é bacana perguntar que tipo de festa está rolando antes de sair entrando, para ver se é a que você curte.

Seguindo mais à frente na Av Mem de Sá você pode conhecer o famoso Casarão da Luana que pertence a icônica travesti Luana Muniz, famosa pelo bordão “Travesti não é Bagunça”.

Ipanema não é o coração LGBT do Rio de Janeiro!

Foto: Reprodução/Facebook

Fernanda Rodrigues, Marcius Melhem no Buraco da Lacraia.

A Lapa também é onde está a boate “Buraco da Lacraia”. Um local popular que vive cheio e ultimamente virou o point de muitos, muitos, muitos artistas da TV Globo. A boate não é chique, ao contrário é famosa por ser “povão” e exatamente por isso acabou se tornando o point da galera alternativa, de artistas como Marco Nanini, Fabio Porchat, Camila Pintanga, Cláudia Abreu, Regina Casé, do elenco do Porta dos Fundos e de quem curte caipirinha liberada feita aos litros em jarras de plástico. O Buraco é um lugar eclético e democrático. É muito mais fácil você encontrar uma estrela da novela das 21:00 no Buraco da Lacraia do que na The Week por exemplo.

A região ainda abriga outros espaços muito bacanas que valem a pena a visita, como o Seven Cruising Bar, bar masculino baphoonico e bem frequentado que fica próximo à Praça da República, ou mesmo a Pedra do Sal e os Clubes que estão na Sacadura Cabral. Mas sobre todos esses eu falo na próxima semana!!

João Junior – Todas as quartas-feiras no Gay1!

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