Lésbica chinesa processa governo por livro didático classificando LGBT como ‘distúrbio’
Foto: AFP/Reprodução
A campanha de Qiu Bai começou em 2014, quando encontrou livros classificando pessoas LGBT como “distúrbio”.
Um tribunal de Pequim aceitou uma ação judicial movida por uma estudante contra o Ministério da Educação por causa de livros didáticos que descrevem pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais com “distúrbio psicológico”.
Segundo a mídia chinesa, a mulher, de 21 anos e que usa o pseudônimo Qiu Bai, há anos tenta levar o caso à Justiça.
Ser LGBT na China ainda são alvo de muita discriminação, apesar de a homossexualidade ter saído das listas de crimes no país em 1997. Quatro anos mais tarde, a orientação sexual foi removida da lista oficial de distúrbios mentais.
No início da semana, veio a público o caso de um homem processando um hospital psiquiátrico, alegando que foi drogado e espancado depois de ser internado por sua mulher e parentes para que fosse “curado”.
Foto: AFP/Reprodução
Ativistas LGBT protestam diante de um tribunal, em 2015, quando Qiu Bai processou o governo pela primeira vez.
Em 2014, Qiu Bai procurava informações sobre a homossexualidade na Universidade Sun Yat-Sen, em Guangzhou, e encontrou livros didáticos classificando-a como um tipo de desordem.
“Livros didáticos deveriam ao menos descrever a homossexualidade com objetividade”, contou a ativista ao site Sixth Tone, que publica notícias bastante críticas às autoridades chinesas.
“Não quero ver a discriminação permeando o ambiente acadêmico”.
Qiu Bai processou o Ministério da Educação em 2015, mas foi persuadida a abandonar a ação e tentar fazer uma reclamação oficial contra o ministério.
Mas suas cartas enviadas à autarquia foram ignoradas e ela voltou às vias legais em abril deste ano. A ação foi rejeitada sob o argumento de que a falta de resposta do ministério não feria os direitos da ativista.
No início de junho, Qiu Bai entrou com a terceira ação, alegando que a condição de estudante universitária dava a ela interesse direto no material didático. Nesta semana, o Primeiro Tribunal Popular Intermediário de Pequim acolheu a ação.