O Corpo Negro: da solidão a exotificação
Entramos na velha discussão sobre o gosto pessoal, que na verdade é social. Não se engane, é fácil perceber a manipulação do gosto, afinal massivamente a maioria das pessoas gostam do que nos é vendido diariamente, tanto nas redes sociais como nas mídias. E o negro não se inclui nela, a não ser se é para nos exotificar, colocar uma mulher negra pelada na TV para celebrar o carnaval, hiper sexualizando o corpo negro, fazendo com que as pessoas reproduzam o discurso que são ensinadas a fazê-lo.
A ideia que os homens negros têm um membro absurdamente grande, trazendo uma generalização, estereotipando toda uma população e invalidando a diversidade no mundo, é só aquele velho racismo que as pessoas insistem em negar, pois é obvio: quem nega a opressão é quem se beneficia da mesma. E o papel da indústria pornográfica é significativa neste sentido, pois ela suprime e reforça esse estereotipo do corpo negro.
Negar a beleza negra é comum, afinal às mídias ajudam a criar essa ideia de padrão, e muitos traços naturalmente negros como cabelos crespos, nariz largo e boca, são quase que diariamente ridicularizados, criando em muitos de nós, diversos complexos de inferioridade, tratando-nos como sub humanos, e assim, entramos no velho circulo de opressão e monopólio da estrutura do racismo institucional.
A desconstrução vem como um parâmetro com maiores probabilidades de alcance, afinal temos uma globalização da internet, porém não podemos ser elitistas e esquecer nosso papel do confronto principalmente nas periferias, pois as classes precisam de união. O preconceito e toda sua estrutura foi criado para nos separar e manter-nos ocupados enquanto os senhores da casa grande (lê-se Burguesia) lucram com nossa desunião.
Cabe a cada um de nós pôr fim a superioridade do padrão estético e ao racismo, dia após dia, e um dos caminhos para isso é enegrecendo os espaços, pois só trazendo essas discussões a público, teremos um debate mais amplo sobre a situação da beleza negra na sociedade.
Escrito por Jefferson Ferreira
Editor e redator do Menino Gay