Modelo belga de 29 anos revela que é intersexual; entenda
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A modelo belga Hanne Gaby Odiele, que contou ser intersexual.
A top model belga Hanne Gaby Odiele, 29, que já desfilou para grandes grifes, como Chanel e Prada, contou essa semana que é intersexual, em entrevista para o jornal americano “USA Today”. O termo quer dizer que, embora ela tenha aparência feminina, tem características masculinas.
A condição, que no passado foi conhecida como hermafrodita, pode ser de origem genética, que é o caso da modelo. Apesar da aparência feminina, ela nasceu com cromossomos XY e Síndrome de Insensibilidade aos Andrógenos, também chamada de Síndrome de Morris.
“A doença se manifesta na gestação, quando o feto tem entre seis e sete semanas. Ele tem cromossomos XY, que determinam o sexo masculino, mas, por causa da síndrome, a testosterona não age como deveria, ou seja, não forma a genitália masculina”, explica o ginecologista e obstetra Gustavo Maximiliano Dutra da Silva, que atua no Centro de Referência da Saúde da Mulher Hospital Pérola Byington, em São Paulo.
Segundo o ginecologista, geralmente, as pessoas que sofrem dessa síndrome nascem com a vagina mais curta, não têm útero nem ovários, mas possuem testículos internos, caso de Hanne.
Campanha contra cirurgias
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A modelo belga Hanne Gaby Odiele, que contou ser intersexual.
Ao falar sobre sua condição, a modelo belga resolveu lutar contra os procedimentos cirúrgicos aos quais os intersexuais são submetidos quando criança, em uma tentativa de fazer com que pareçam mais tipicamente homens ou mulheres.
Ela mesma, que nasceu com testículos internos, submeteu-se a uma cirurgia aos dez anos para remover os órgãos. Aos 18, ela fez uma nova operação para reconstruir a vagina. “Tenho orgulho de ser intersexual, mas tenho muita raiva dessas operações ainda acontecerem.”
A psiquiatra Carmita Abdo, fundadora e coordenadora do Prosex (Programa de Estudos em Sexualidade) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, diz que o intersexual vai apresentar algum grau de ambiguidade sexual visível, mas que, eventualmente, a descoberta da condição pode ocorrer só na puberdade, quando a menina não menstrua.
A ação de certos medicamentos no feto durante a gestação também pode causar a intersexualidade.
“Um exemplo é a finasterida, uma substância que é usada para tratar a queda de cabelos. Se a mulher tomá-la na gestação, pode fazer com que o feto XY [menino] desenvolva características femininas. O mesmo pode acontecer se a grávida usar espironolactona, medicamento para regular pressão arterial, e que também é utilizado para tratar síndrome de ovários policísticos”, diz o ginecologista Dutra da Silva.