Igreja episcopal da Escócia legaliza o casamento entre pessoas do mesmo sexo
Com uma decisão que acabou sendo apagada pelas eleições gerais do Reino Unido, que decidem o futuro da então primeira-ministra Theresa May, a Igreja Episcopal da Escócia decidiu que de hoje em diante ela reconhecerá e oficializará casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
A medida foi aprovada nesta quinta-feira, dia 8, pela maioria do sínodo interno e coloca os religiosos escoceses em rota de colisão com o restante da Comunhão Anglicana, ou seja, as igrejas anglicanas de todo o mundo que estão fortemente relacionadas com a conservadora Igreja da Inglaterra e com o arcebispo de Canterbury, Justin Welby.
Um feito deste tipo só foi realizado anteriormente pela Igreja Episcopal dos Estados Unidos que, aceitando os casamentos entre pessoas do mesmo sexo, provocou uma “fratura permanente” com a Comunhão Anglicana e com os cerca de 85 mil fiéis espalhados nas 38 “províncias” anglicanas autônomas do mundo, que a expulsaram dos seus órgãos.
O bispo de Edimburgo da Igreja Episcopal da Escócia, reverendo doutor John Armes, disse que ficou muito feliz “pelos casais que agora podem ter suas relações reconhecidas pela Igreja e abençoadas por Deus”. “Eu também estou satisfeito pelo que isso significa para a nossa Igreja e pelo modo como fomos capazes de fazer isso.
Mas obviamente qualquer mudança como essa também cria dor e feridas em algumas pessoas, então, como um bispo da Igreja, eu sinto por elas”, conclui Armes. A decisão desta quinta, a primeira de uma igreja do Reino Unido, foi votada pelas sete dioceses escocesas, sendo que apenas a que une Aberdeen e as ilhas Orkney voltou contra, e prevê que um religiosos pode se recusar, por exemplo, a realizar uma cerimônia.
Mesmo assim acredita-se que a Escócia se tornará um destino bastante procurado por casais do mesmo sexo de fé anglicana principalmente provenientes do Reino Unido e de outros países da Europa.
As partes mais “liberais” do clero e dos fiéis comemoraram a votação positiva. No entanto, por causa dela, a Igreja Anglicana da Escócia pode sofrer graves consequências, já que a lei canônica foi modificada com a remoção da cláusula que determina o casamento como a união exclusivamente de um homem e uma mulher.
Essa cláusula é defendida pela ala conservadora do clero anglicano, pelo sínodo mundial e também pelo arcebispo Welby, que acreditam que ela é originária das Escrituras Sagradas.