São Paulo

Travesti é agredida por dupla em São Carlos e denuncia transfobia: ‘Só pensei em sobreviver’

Estudante andava pela Rua Episcopal com amigas quando foi espancada por dois homens.

Gabe foi agredida por dois homens na sexta-feira, 3, em São Carlos, SP. (Foto: Arquivo Pessoal)
Gabe foi agredida por dois homens na sexta-feira, 3, em São Carlos, SP. (Foto: Arquivo Pessoal)

A estudante de mestrado em psicologia Gabe Rocha agredida por dois homens em São Carlos (SP) afirmou que, mesmo com medo, seguirá na Justiça até conseguir identificar os suspeitos. Em entrevista para TV Globo, a tranvesti afirmou temer pela vida. “Agora tenho medo de andar sozinha na rua, mas na hora só pensei em sobreviver”.

O caso aconteceu na sexta-feira (3) e foi registrado na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) como lesão corporal. A Polícia Civil vai investigar o que aconteceu. A advogada Fernanda Vargues Martins, que representa Gabe, não tem dúvidas que a motivação foi transfobia.

Socos na cabeça

Segundo Gabe, ela e suas amigas caminhavam pela Rua Episcopal por volta da meia-noite. Próximo à Rua Conde do Pinhal, dois homens começaram a insultá-la e agir de forma agressiva.

“Eu fui ver o que estava acontecendo. Eles acharam que eu tinha mexido com eles e começaram a me bater, me deram muitos socos na cabeça, no meu olho. Eles me chamavam de viado, diziam que eu ia apanhar”, contou.

A estudante contou que os homens não paravam de agredi-la e, por medo da gravidade da situação, as outras meninas correram. Um homem que estava trabalhando no estacionamento próximo ao local ofereceu ajuda a ela.

Local onde estudante foi agredida em São Carlos. (Foto: Reprodução/Google Maps)
Local onde estudante foi agredida em São Carlos. (Foto: Reprodução/Google Maps)

“Ele me abrigou, por isso acho que estou viva. No momento que eu estava no estacionamento, comecei a mandar várias mensagens nos grupos pedindo socorro”, contou.

Gabe foi socorrida por um colega que viu seu pedido pelo Facebook e levada até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Vila Prado para passar por atendimento médico.

Transfobia foi motivação

Segundo a advogada que cuida do caso, Gabe procurou a Comissão de Diversidade Sexual e Igualdade de Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Coletivo de Advogadas Feministas ainda na noite da agressão. Ela foi acompanhada também até o Instituto Médico Legal (IML) de São Carlos para constatar as lesões.

“Eu não tenho dúvida de que o crime foi motivado por transfobia. A presença de travestis e mulheres trans incomoda muita gente a ponto de cometerem crimes de ódio. Eu tenho certeza que ela foi agredida e espancada por isso. São Carlos definitivamente não é um lugar seguro para elas”, disse.

Investigação

O próximo passo é analisar o álbum de fotografias da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) para verificar se os suspeitos já tiveram passagens crimes na polícia em São Carlos e fazer o reconhecimento de algum deles.

“Agora quero sentir liberdade, quero sentir que é possível uma travesti viver sem medo de ser espancada na próxima esquina”, disse Gabe.

Procura significativa

Desde novembro do ano passado, quando a Comissão de Diversidade Sexual e Igualdade de Gênero foi reativada em São Carlos, seis pessoas da comunidade LGBT+ procuraram a OAB por agressões motivadas por LGBTfobia.

“Não é toda pessoa que nos procura, às vezes a pessoa vai direto na delegacia ou não procura nada, não quer fazer denúncia, mas seis casos em sete meses já é bem significativo, infelizmente”, contou.

Polícia Civil irá investigar caso de agressão a travesti em São Carlos. (Foto: Arquivo Pessoal)
Polícia Civil irá investigar caso de agressão a travesti em São Carlos. (Foto: Arquivo Pessoal)

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