Com público recorde, Parada do Orgulho LGBTS colore Brasília; veja fotos
Parada do DF é a terceira mais antiga do país e deste ano faz referência aos 50 anos de Stonewall e os 40 anos do Beijo Livre, primeira organização LGBT de Brasília.
Mais de 160 mil pessoas se reuniram neste domingo (14) para a 22ª Parada do Orgulho LGBTS de Brasília. Com o tema “Stonewall 50. Beijo livre 40. Resistência e conquistas”, a marcha saiu do gramado do Congresso Nacional por volta das 17h e ocupou a via N1, no Eixo Monumental, terminando na frente do Museu Nacional.
O tema faz referência aos 50 anos de Stonewall e os 40 anos do Beijo Livre, primeira organização LGBT de Brasília. Stonewall era um bar nova-iorquino, reduto da população LGBT, que, em 1969, foi alvo de agressiva batida policial.
Funcionários e clientes do local foram presos. À época, a ser LGBT ainda era crime no estado de Nova York. A repressão gerou protestos e manifestações, que são consideradas as primeiras Paradas LGBT do mundo.
A Parada do Orgulho LGBTS de Brasília é a terceira mais antiga do país, e só perde para as edições que ocorrem em São Paulo e no Rio de Janeiro.
“Estamos fazendo um resgate da nossa memória. As conquistas não foram à toa. Com essa recuperação, estamos mostrando nosso orgulho e a resistência que a gente precisa ter para permanecer vivo em um dos países que mais matam LGBT no mundo”, explica Michel Platini, um dos organizadores do evento.
“Somos um dos maiores eventos de rua do DF. É o encontro que mais reúne LGBTs na capital do Brasil. Estamos aqui para mostrar a força da comunidade LGBT, que pede cidadania, direitos humanos, respeito”, diz Platini, que destaca a importância da parada para a comunidade LGBT do DF.
O primeiro parlamentar LGBT assumidamente a ocupar uma vaga no Legislativo local, o deputado distrital Fábio Felix (PSOL-DF) pregou a união de esforços na luta contra a LGBTfobia.
“Hoje é um dia de celebração do nosso orgulho, do nosso afeto e da nossa luta em prol de uma sociedade tolerante e inclusiva. A parada deste ano entra para a história do país, porque inaugura uma grande união contra os ataques aos direitos LGBTs no Brasil”, afirmou durante o evento.
O evento é uma forma de combater o preconceito e para os participantes, uma ótima oportunidade de serem quem são sem mede de preconceitos. “Vim com amigos e estou muito feliz de poder dançar, beijar e curtir tudo isso sem se preocupar com os dedos apontados para mim”, afirma o estudante Guilherme Silva, 18 anos.
Em 2018, evento reuniu cerca de 70 mil pessoas, de acordo com os organizadores. “A parada ajuda o movimento ter mais visibilidade e ao conhecê-lo muitas pessoas que tinham preconceito passam a ter uma outra ideia”, comenta a balconista Yohanna Barbosa, 19.
Comemorações
A Parada LGBTS também comemorou os 40 anos do movimento “Beijo livre” no bar Beirute da 109 Sul. Em 1979, dois homens foram convidados a se retirar do bar depois de darem um beijo na boca em frente dos demais clientes.
No dia seguinte, cerca de dez casais do mesmo sexo entraram no Beirute e, juntos, fizeram um “beijaço”. O movimento foi organizado pelo diretor e ator de teatro Alexandre Ribondi, que exercia a profissão de jornalista na época.
Acesso à saúde
Pela primeira vez na história da Parada LGBTS de Brasília, também foram colhidas informações e depoimentos sobre o atendimento desta população na rede pública de saúde. Servidores do GDF fizeram uma enquete sobre o acesso aos serviços e o que chamam de “preconceito institucional”.
O objetivo é garantir futuras capacitações aos profissionais da saúde que estejam adequadas às necessidades e demandas de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, homens e mulheres trans, queer e intersex.
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