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Roteiristas de série sobre Marielle divergem de Padilha e pedem demissão

O projeto está em fase muito inicial e nenhum capítulo ainda está completamente escrito.

Vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, foram assassinados em 14 de março do ano passado. (Foto: Mídia Ninja)
Vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, foram assassinados em 14 de março do ano passado. (Foto: Arquivo/Mídia Ninja)

Quatro roteiristas da série de ficção sobre Marielle Franco (1979-2018) pediram demissão por divergências sobre a condução do projeto, idealizado por Antônia Pellegrino e dirigido por José Padilha. O projeto tem coprodução do Globoplay.

A notícia foi publicada originalmente pela jornalista Telma Alvarenga, da coluna de Ancelmo Gois, em “O Globo”.

A equipe do projeto é formada por duas pesquisadoras, quatro roteiristas e um diretor, todos negros. Dos sete, deixaram o trabalho os quatro roteiristas.

Para muitos, a formação desta equipe seria um exemplo da prática do “tokenismo”, ou seja, uma ação apenas simbólica destinada a responder à crítica de falta de diversidade racial e inclusão na produção.

O projeto está em fase muito inicial. Nenhum capítulo ainda está completamente escrito. As divergências seriam sobre os caminhos dramatúrgicos da série.

Esta composição da equipe foi resultado dos muitos questionamentos surgidos assim que o projeto foi anunciado, em março deste ano.

Marielle Franco era vereadora pelo PSOL, um partido de esquerda, e pautou sua atuação por uma postura muito crítica em relação às posições da direita. Negra, lésbica e feminista, sempre militou por políticas de inclusão racial e social.

Desde o início houve muitas críticas ao envolvimento de Padilha no projeto. Ele sempre foi visto pela esquerda como uma pessoa de direita. Esta perspectiva se intensificou com a realização para a Netflix da série “O Mecanismo” (2018), que glorifica a operação Lava Jato e o então juiz Sérgio Moro.

Outra crítica intensa deveu-se ao fato de os três principais envolvidos na série, a criadora do projeto, Antonia Pellegrino, o diretor Padilha e o autor indicado pela Globo para supervisionar os trabalhos, George Moura, serem brancos.

A crise que surgiu neste momento mostra que estes questionamentos não foram superados.

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