Distrito Federal

Gay, ex-morador de rua se forma em direito e passa no exame da OAB: “Realizei meu sonho”

Walisson vivia de esmolas na Rodoviária do Plano Piloto e, através dos estudos, conseguiu sair das ruas.

Walisson dos Reis Pereira da Silva passou no exame da Ordem dos Advogados do Brasil. (Foto: Reprodução/Instagram)
Walisson dos Reis Pereira da Silva passou no exame da Ordem dos Advogados do Brasil. (Foto: Reprodução/Instagram)

O ex-morador de rua do Distrito Federal Walisson dos Reis Pereira da Silva, 35 anos, passou no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e conquistou a tão sonhada carteirinha de advogado.

O desejo do jovem de se tornar um profissional da área de advocacia se concretizou neste mês de maio de 2022. Segundo Walisson, ele foi criado pelos avós no interior de Minas Gerais (MG) e passou por muitas dificuldades para chegar até onde está.

Aos 17 anos, ele veio para Brasília tentar um futuro melhor e precisou dividir a rotina de estudos entre a escola da rede pública, em Samambaia, e as madrugadas mal dormidas na Rodoviária do Plano Piloto.

Walison também teve que enfrentar a homofobia, quando foi agredido e roubado por ser homossexual em fevereiro de 2012. Ele levou sete pontos na cabeça e ficou com marcas nos braços e costas, na época, quatro homens foram identificados e responderam por lesão corporal em liberdade.

“Eu vivia de esmolas na Rodoviária. Certa vez, um professor disse que eu estava fedendo e pediu para eu me retirar da sala de aula. Muitos não sabiam das minhas dificuldades nem que eu morava na rua e passava por necessidades. Após concluir o Educação de Jovens e Adultos (EJA), fiz o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Fui bem na redação, e isso me garantiu o financiamento de 100% no valor da mensalidade em uma faculdade particular”, explicou.

O jovem começou a cursar direito, em 2013, e deixou as ruas. Após colar grau em 2020, ele se dedicou para passar no exame da OAB. Nesse processo, Walisson teve o nome envolvido em um processo na Justiça e conseguiu comprovar a inocência. O inquérito foi arquivado.

“Fui aprovado no exame em 12 de janeiro deste ano. Pedi a minha inscrição junto à OAB e, agora, eu sou advogado. Recebi a minha carteira na última quinta-feira”, comemora.

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