Ernane Queiroz

DF: Mesmo com mais votos, Ruth Venceremos e Israel Batista ficam fora do Congresso

Devido ao sistema proporcional, primeiro gay assumido e ativista drag ficaram de fora, mesmo conseguindo mais votos do que alguns eleitos.

Ruth Venceremos e Israel Batista. (Foto: Reprodução/Instagram)
Ruth Venceremos e Israel Batista. (Foto: Reprodução/Instagram)

O formato de sistema proporcional deixou candidatos do Distrito Federal com grande quantidade de votos fora da Câmara dos Deputados. Professor Israel (PSB) e Ruth Venceremos (PT) conseguiram mais de 30 mil votos, superando alguns candidatos eleitos, mas não estarão no Congresso Nacional a partir de 2023.

Primeiro gay assumido no Congresso pelo DF, Professor Israel, que está em mandato como deputado federal, teve 40.885.

Pelo formato proporcional, a ativista e drag queen Ruth Venceremos bateu na trave. Com 31.538 mil votos, ela é a primeira suplente.

A eleição para deputados federais e distritais não é como nos cargos majoritários, onde o mais votado leva. Em uma disputa proporcional, o voto dado ao candidato também é doado ao partido — o que explica o quociente eleitoral. No caso do DF, onde há oito cadeiras em disputa, considerando um cenário onde a eleição registrou 80 mil votos válidos, significa que cada cadeira “custa” 10 mil votos.

O número de votos de cada partido dividido pelo Quociente Eleitoral indica quantas vagas cada partido tem direito. Esse número é chamado de Quociente Partidário. Vale lembrar que, a partir de 2022, as federações partidárias contam como partidos nessa disputa.

Isso faz com que candidatos fortes possam “puxar” mais nomes. É o caso da deputada Bia Kicis (PL), a mais votada, com 214.733 votos, que acabou puxando Alberto Fraga (PL), que foi eleito mesmo com apenas 28.825 votos.
É o mesmo caso do Republicanos. O apresentador Fred Linhares teve 165.358 mil votos e o pastor Júlio César teve 76.274, o que os fez puxar Gilvan Maximo, que teve 20 mil votos.

O objetivo dessa “transferência de votos” é fazer com que os votos não sejam “desperdiçados”. Para evitar que candidatos com pouquíssimos votos sejam eleitos, em 2015 foi criada a cláusula de barreira individual – que mantém a transferência de votos, mas obriga cada candidato a conseguir sozinho votos equivalentes a pelo menos 10% do quociente eleitoral.

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