Mateus Wesp (PSDB), nomeado pelo governador Eduardo Leite (PSDB) para comandar a Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul, tem histórico de projeto considerado LGBTfóbico. O chefe do Executivo estadual é gay assumido.
Em 2017, quando era vereador de Passo Fundo, Wesp apresentou projeto para excluir o termo “gênero” no PME (Plano Municipal de Educação) de Passo Fundo, tanto na esfera pública quanto na privada — a inclusão do termo ocorreu em 2015.
O projeto foi para votação em 2018 com algumas modificações e aprovado por 12 votos favoráveis e dois contrários. Os vereadores aprovaram substitutivo para que toda menção à palavra “gênero” fosse seguida de masculino ou feminino.
Diversidade será prioridade
Em entrevista ao site Uol, Mateus Wesp afirmou que pautará o tema da diversidade e inclusão “como prioridade” em sua gestão à frente da Secretaria, com um departamento próprio para discutir temas como combate à intolerância, “que envolve, entre vários aspectos, intolerância sobre questões de gênero”.
“Vamos formar este departamento com pessoas qualificadas tecnicamente, com capacidade de elaboração de políticas públicas sólidas, além, claro, de serem representativas para que possa ocorrer um diálogo com a sociedade civil”, declarou.
Questionado se mantém a mesma posição em relação a necessidade de discutir gênero em sala de aula, Mateus Wesp disse que não vai comentar.
Em nota, o governador defendeu Mateus e afirmou que o secretário é um “democrata, com sólida formação jurídica e domínio dos compromissos institucionais do cargo que ocupa”.
“Embora possa ter divergências em temas específicos, se mostra aberto ao diálogo e sempre agiu em respeito à dignidade humana”.
Voto contra projeto LGBTQIA+
Em novembro de 2019, já como deputado estadual, Mateus Wesp votou contra o relatório da Comissão Especial da Assembleia Legislativa para Análise da Violência Contra a População LGBTQIA+, apresentado pela deputada estadual Luciana Genro (PSOL-RS). A pauta foi aprovada por 21 votos favoráveis e 10 votos contrários.
O texto de Genro apresentou 37 propostas de combate ao preconceito e à discriminação contra pessoas LGBQTIA+, como a criação de uma casa de acolhimento para aqueles que são vítimas de violência, expulsos de suas casas e não têm para onde ir.
Wesp tentou se reeleger deputado estadual nas eleições de 2022, mas não conseguiu.
Muito grave
Nas redes sociais, Luciana Genro criticou a escolha de Eduardo Leite para a pasta, classificada pela parlamentar como “muito grave”. Genro também afirmou que o fato de o governador ser gay “não faz dele um defensor da causa LGBT”.