Evento em escola do DF sobre inclusão de crianças LGBTQIA+ provoca embate entre deputado e sindicado
O distrital Pastor Daniel de Castro questionou escola por evento, Sinpro repudiou postura homofóbica.
Um evento sobre “a importância da família no processo educacional de crianças e adolescentes LGBTQIAPN+“, realizado em uma escola pública do DF, se tornou motivo de uma postura homofóbica do deputado distrital Pastor Daniel de Castro (PP), provocando um embate entre o religioso e o Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF).
A palestra foi realizada no Centro de Ensino Fundamental (CEF) 08 de Sobradinho II, no último 19 de julho. O parlamentar questionou a temática do evento por meio de ofício enviado à diretoria da unidade de ensino, à coordenação regional de ensino de Sobradinho e à Secretaria de Educação do DF.
Um vídeo gravado durante o evento mostra um dos palestrantes, o coordenador da Casa Rosa, Pedro Matias, dizendo que a instituição “recebe todos os dias” pedidos de adolescentes que foram expulsos de casa e “estão na rua”.
Uma das pessoas que assistia ao evento interrompe a fala de Pedro e afirma que “o papel da escola é preparar futuros cidadãos” e a escolha “se vai ser gay” será dele. Os convidados discordam.
No documento, o deputado questiona se os pais e responsáveis foram avisados sobre a “natureza do evento” e diz que palestras como a anunciada “não possuem base legal ou regimental para serem realizadas em estabelecimentos de ensino fundamental da rede pública do Distrito Federal”.
Por fim, o Pastor Daniel de Castro cita que “o descumprimento de regras previamente estabelecidas implica em responsabilidades de natureza administrativa e judicial”.
Na última segunda-feira (24/7), o Sinpro-DF divulgou uma nota de repúdio na qual afirma que o ofício do Pastor Daniel de Castro tenta “constranger o trabalho do CEF 08 de Sobradinho”.
“A escola pública, com ensino laico e de qualidade socialmente referenciada não ‘defende’ apenas uma dentre tantas famílias brasileiras. A obrigação da escola pública é acolher e incluir a todas as famílias, independentemente de credo, raça ou orientação sexual”, diz o Sinpro-DF.
Em resposta, o parlamentar apresentou, nesta quarta-feira (26/7), um projeto de lei anti-LGBTQIA+ que permite aos pais e responsáveis de alunos a proibição deles participarem de “atividades pedagógicas de gênero”.
Na justificativa do PL, o deputado disse que, “em muitos casos, estas atividades são de natureza doutrinária, uma vez que a exposição a este tipo de conteúdo pode moldar extensivamente o caráter, os valores e outras visões de mundo de crianças e adolescente”.