Neste sábado (18), a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) publicou um vídeo com quase um minuto a mais de duração, mas muito semelhante ao de Nikolas Ferreira (PL-MG), sobre uma medida de fiscalização do Pix anunciada pelo governo e que esquentou o debate em torno de uma suposta taxação da ferramenta.
Na publicação, Hilton utiliza dos mesmos recursos que Nikolas. O aspecto visual e sonoro é o mesmo, a deputada federal está sentada em um banco, em um fundo escuro. Ao longo da gravação, músicas de tensão, imagens e notícias aparecem para contextualizar o que é falado.
“Estão mentindo para você”, começa a deputada na publicação.
“O governo Lula nunca defendeu a taxação do Pix, muito pelo contrário, quem sempre defendeu foi o ex-ministro da economia de Bolsonaro, Paulo Guedes, ele sempre falou sobre taxar o Pix”, afirma Erika Hilton.
No vídeo, a parlamentar explica que uma fiscalização para esse tipo de transferência era a intenção governo federal.
“O que o governo queria era aumentar para 5 mil reais, na tentativa de constranger, coibir criminosos, quadrilhas, pessoas que fazem movimentações de montantes financeiros bilionários, muito acima de seus salários e talvez seja isso que a extrema direita queira esconder”, diz.
Ela acusa a “extrema direita” de “usar” da população mais carente “como mecanismo para se proteger”.
“Nunca se falou sobre taxação do Pix, essa é mais uma manobra de extrema direita para usar você como um instrumento de fortalecimento deles, que sempre te odiaram”, continua Erika Hilton.
Na publicação, a deputada do PSOL defende também a regulamentação das redes sociais para que notícias falsas não sejam divulgadas e para que esse espaço “não seja essa terra de ninguém”.
“Combater a mentira e o ódio nesse país, sem sombra de dúvidas, não é uma tarefa fácil e não vai ser simples, mas eu tenho certeza que a verdade e a informação, de maneira organizada, são capazes de frear e barrar aqueles que odeiam o povo, o pobre e a democracia”, completa.
Fake news
Depois que Nikolas Ferreira publicou o vídeo com informações falsa, que alcançou recordes de visualização, ultrapassando, por exemplo, o post de Fernanda Torres ganhando o Globo de Ouro ou o de Donald Trump vencendo as eleições, o governo federal decidiu voltar atrás e revogar a medida.
A decisão do Planalto se embasou na onda da fake news em torno do tema. A leitura do governo foi de que nenhuma comunicação conseguiria superar a amplitude do vídeo, que já ultrapassou 300 milhões de visualizações.
A confusão em torno do assunto ascendeu um alerta no governo para as fake news. A Advocacia-Geral da União pediu à Polícia Federal que investigue as notícias falsas divulgadas sobre o tema.
De acordo com uma pesquisa Quaest, divulgada na última sexta-feira (17), toda a polêmica deixou um saldo negativo para o governo.
Felipe Nunes, CEO da Queaest, argumentou que a negativa se deu por três razões: “timing errado, diagnóstico errado e tática errada”.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou que o governo federal está tomando providências criminais contra as pessoas que propagaram as notícias falsas.
“Vamos tomar providências. Estão se discutindo providências, inclusive criminais, se forem o caso, contra quem está propagando fake news e contra quem está dando golpes. Há golpes sendo aplicado no comércio”, disse.