Erika Hilton sobre direitos das pessoas trans: “Batalhar e persistir”

Dia Nacional da Visibilidade trans é celebrado nesta quarta. Congresso conta com duas representantes trans.

Erika Hilton, primeira mulher negra trans a ser eleita como deputada federal. (Foto: Poder360)
Erika Hilton, primeira mulher negra trans a ser eleita como deputada federal. (Foto: Poder360)

A deputada federal Erika Hilton (PSol-SP) critica a necessidade de ainda ter que defender direitos básicos para comunidade trans diante do aumento dos ataques da extrema direita. As declarações da parlamentar acontecem em meio às comemorações do Dia Nacional da Visibilidade Trans, celebrado nesta quarta-feira (29/1).

“A gente está aqui desmembrando, mas no fim do dia é sobre ser cidadã, cidadão, é sobre ter coisas básicas que é a meta. A gente ainda está tendo que batalhar, lutar, brigar, persistir por coisas pequenas. Falar em banheiro em 2025 deveria ser uma das coisas mais absurdas e monstruosas da humanidade, que uma pessoa tivesse o seu direito a fazer as suas necessidades fisiológicas colocada em pauta”, disse a deputada ao site Metrópoles.

Erika Hilton reforça que o discurso de ódio propagado pela extrema direita nas redes sociais é responsável pela perseguição contra a comunidade trans no Brasil. “Esse discurso leva um sujeito a matar, a arrancar o coração, a violentar, a menosprezar, ao mercado de trabalho não entregar, a caracatícia, a piada, ao suicídio.”

O Congresso Nacional conta com apenas duas representantes da comunidade trans, são elas: Erika Hilton e Duda Salabert (PDT-MG).

“Se a gente olhar só pra Câmara dos Deputados, somos duas entre 513. Às cidades e estados que não tem nenhuma, então a nossa presença é precoce, ela começou agora e as mudanças sobre um valor tão estrutural como é a transfobia e o ódio às pessoas trans, ela demanda um processo muito árduo e longo para ser transformado”, complementa a deputada pelo PSol.

Violência contra a comunidade trans

O Brasil é o país que mais mata pessoas trans e travestis no mundo, pelo 17º ano consecutivo, segundo a Rede Trans Brasil. No ano passado, foram 105 mortes de pessoas trans e travestis no país, 14 a menos do que em 2023.

As informações estão inseridas no “Dossiê: Registro Nacional de Mortes de Pessoas Trans no Brasil em 2024: da Expectativa de Morte a um Olhar para a Presença Viva de Estudantes Trans na Educação Básica Brasileira”, lançado nesta quarta-feira.

Apesar dos avanços na pauta de proteção a comunidade trans, Erika Hilton vislumbra um futuro ainda cheio de desafios para as pessoas trans, mas acredita que as dificuldades irão ajudar na construção de novas lideranças.

“A minha expectativa é de que nós vamos enfrentar momentos ainda muito difíceis, mas dessas dificuldades vão florescer flores da resistência linda, que vão criar novas lideranças, que vão colocar esse fascismo e essa intolerância num lugar espremido porque é a força da mobilização”, conclui a deputada psolista.

Na segunda-feira (27/1), o Ministério dos Direitos e da Cidadania divulgou a Agenda Nacional de Enfrentamento à Violência contra Pessoas LGBTQIA+, com uma serie de ações voltadas para a comunidade.

“O nosso país, durante tanto tempo, nos oprimiu para não nos permitir sequer construir um vocabulário para nos descrever e para descrever as violências que nós sofremos”, destacou a ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo. “A violência começa no imaginário do um projeto de mundo e de sociedade, e termina na violência física, material e concreta que é exterminar a nossa existência.”

Uma das ações previstas pelo Ministério dos Direitos Humanos é a realização de cursos nas áreas de segurança pública e combate à LGBTQIA+fobia, além do lançamento de uma campanha de enfrentamento à violência LGBTQIA+fóbica.

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