Thalita Zampirolli diz que Carnaval ajudou na transição de gênero e celebra representatividade

Modelo é coroada rainha de bateria da Camisa Verde e Branco e exalta a força da comunidade LGBTQIA+ na folia.

Thalita Zampirolli detalha como Carnaval foi e é importante para as mulheres trans. (Foto: Wellington Moura/ Palmer Assessoria de Comunicação)
Thalita Zampirolli detalha como Carnaval foi e é importante para as mulheres trans. (Foto: Wellington Moura/ Palmer Assessoria de Comunicação)

Thalita Zampirolli foi escolhida como rainha de bateria da Camisa Verde e Branco, tradicional escola de samba de São Paulo, para o Carnaval 2025. A escola homenageará Cazuza com o samba-enredo “O tempo não para! Cazuza – o poeta vive”. Em entrevista a resvista Marie Claire, Thalita celebrou a representatividade da comunidade LGBTQIA+ na folia, relembrou o despertar de sua identidade de gênero e detalhou a tensão de viver nos Estados Unidos durante o governo anterior e suas políticas anti-imigração. “Não somos mais minoria. Somos resistência”, declarou.

“Já passou da hora”, avalia Thalita sobre a presença e exaltação de membros da comunidade LGBTQIAPN+ no Carnaval. “Se não fosse por eles, a festa não existiria. Os gays fazem as fantasias, vemos alas compostas por mulheres trans, a Tuiuti está fazendo um desfile sobre uma travesti… é muito lindo de ver. Aos poucos, viemos quebrando esse tabu. É lindo ver que conseguimos”, reconheceu.

Thalita afirma nunca ter sofrido preconceito no Carnaval pelas escolas por onde passou, mas pontua que o Brasil ainda é o país que mais mata pessoas transsexuais no mundo. Ela também relembrou um episódio em que alega ter sido “extorquida” por um policial, que exigiu suborno para liberá-la durante uma blitz.

Thalita Zampirolli detalha como Carnaval foi e é importante para as mulheres trans. (Foto: Wellington Moura/ Palmer Assessoria de Comunicação)

Em defesa da comunidade, a rainha da escola de samba que celebrará Cazuza, ícone bissexual, reforça: “Carnaval é para todos. Não pode existir preconceito. Ele é aberto para as pessoas serem felizes como quiserem”. Thalita também celebrou a relação que construiu com Lucinha Araújo, mãe de Cazuza, por conta do enredo da Camisa Verde e Branco.

No entanto, nem só de lembranças felizes vive o Carnaval. Thalita precisou viver uma “vida dupla” para conseguir ser rainha da Camisa Verde e Branco este ano, pois vive atualmente nos Estados Unidos. Ela explicou que costuma montar sua agenda em Boston, onde vive, incluindo os tempos de dias que ficará no Brasil, quando será sua volta e compromissos inadiáveis, para que consiga estar no país nos dias necessários.

A brasileira também se abriu sobre como as políticas anti-imigração adotadas pelo governo anterior nos Estados Unidos afetaram sua vida. “Sou cidadã americana, estou legalmente no país, pago meus impostos e das minhas empresas em dia, então não tenho medo de nada. Mas, fico triste porque é uma coisa muito polêmica”, disse. “Acredito que essa tempestade vai passar. Não somos mais minoria, somos resistência. Nosso público move muitas rendas para os Estados Unidos”, completou.

Thalita Zampirolli detalha como Carnaval foi e é importante para as mulheres trans. (Foto: Wellington Moura/ Palmer Assessoria de Comunicação)

Thalita relembrou sua antiga escola de samba, a Unidos de Padre Miguel, e lamentou sua saída polêmica. “Achei que faltou um pouco de consideração. Hoje passou, novas portas se abriram. A escola é maravilhosa e torço para que faça um desfile lindo. Mas nós vinhamos criando um vínculo e eu vivenciava a experiência do barracão, ateliê… acreditava que seria duradouro, mas a gente entende. Não sou dona da escola”, disse.

Ainda assim, comemora assumir o posto na escola paulista: “Foi um presente para mim, é a primeira vez como rainha no carnaval paulista. Está sendo tudo muito novo, fui muito bem recebida. Tudo que envolve brilho e samba me deixa extremamente feliz”.

Para Thalita, o posto de rainha representa “liberdade” e foi importante para o despertar de sua identidade de gênero. “É algo muito especial, me sinto realizada com esse cargo de uma maneira que mostro para outras meninas trans que é possível chegar onde eu cheguei”, celebrou.

Ao final, enalteceu a presença feminina no Carnaval: “Estão ali realizando um sonho, felizes por amor”, disse. “Todas são mulheres, cada uma com sua estrela e brilho representando algo. O preconceito está fora de moda. O mundo está aí. Estamos em 2025 e a avenida é para todas”.

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