Primeira unidade LGBT de combate ao Estado Islâmico é criada na Síria
Integrantes da comunidade LGBT na Síria formaram a primeira unidade militar para combater o grupo extremista no país, que persegue brutalmente a comunidade há anos. Agora, um grupo de voluntários internacionais junto com forças curdas no norte do país em guerra há seis anos se uniram para criar o Exército de Liberação e Insurreição Queer (TQILA, na sigla em inglês, chamado de ‘tequila’, como a bebida mexicana), formado sob a guarda da Forças de Guerrilha do Povo Revolucionário Internacional (IRPGF, na sigla em inglês), um grupo anarquista que participa no combate ao EI.
O grupo condenou imagens de homens gays sendo arremessados de telhados e apedrejados até a morte, o que disseram não conseguir “assistir indolentemente”. Para o Estado Islâmico, a ser uma pessoa LGBT é um crime a ser punido com morte. A formação do TQILA foi anunciada em um comunicado publicado na página do Twitter:
These Faggots Kill Fascists! We shoot back! The Black & Pink and Rainbow flag fly in Raqqa. #Queers smashing the Caliphate. #TQILA #YPJ #YPG pic.twitter.com/eBCssrbjMI
— IRPGF (@IRPGF) 24 de julho de 2017
“Nós, as Forças de Guerrilha do Povo Revolucionário Internacional (IRPGF) formalmente anunciamos a formação do Exército de Liberação e Insurreição Queer (TQILA), subgrupo da IRPGF composta por companheiros LGBTQI+, bem como outros que buscam esmagar o binarismo de gênero e avançar na revolução feminina e também na revolução sexual e de gênero mais ampla”, declarou a organização. “Membros do TQILA têm assistido ao terror de fascistas e forças extremistas pelo mundo atacar a comunidade Queer e assassinar incontáveis membros de nossa comunidade, chamando-os de ‘doentes’, ‘pecadores’ e ‘anormais’”.
Ao fim, o TQILA clama:
FORÇA ARCO-ÍRIS EM RAQQA
Um porta-voz do TQILA, Heval Rojhilat, disse à “Newsweek” que mais detalhes do grupo não seriam revelados por questões de segurança.
“Muitos de nossos companheiros são da comunidade LGBTI” afirmou Rojhilat. “Já estamos lutando em Raqqa à revista”.
Fotos divulgadas nas redes sociais mostram soldados mascarados armados em uniformes militares carregando um cartaz: “Essas bichas matam fascistas, TQILA-IRPGF”. Ao fundo, outros combatentes seguram a bandeira arco-íris, símbolo LGBT e outro cartaz com a logo do grupo: uma AK-47 em fundo rosa.
O TQILA também critica “os conservadores cristãos no mundo ocidental” por ataques à comunidade LGBT ao longo da história “em uma tentativa de silenciar e apagar sua existência”.
“Queremos enfatizar que a queerfobia, a homofobia, bifobia, lesbofobia e transfobia não são inerentes ao islamismo, nem a nenhuma outra religião, mas sim um produto das construções sociais heteropatriarcais”, destaca a unidade militar. “De fato, conhecemos muitos muçulmanos, judeus, cristãos, hindus, budistas, etc, que simpatizam e estão abraçando a unidade”.
O Estado Islâmico já divulgou vídeos de assassinatos de pessoas LGBT na Síria e no Iraque, e reivindicou a autoria do atentado à boate LGBT Pulse, em Orlando, que deixou 49 mortos. A participação das forças curdas na nova unidade militar reforça o costume em quebrar desigualdades de gênero, já que os curdos têm unidades totalmente femininas que combatem o EI na Síria e no Iraque.