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Biografia de Clodovil traz um desfile de polêmicas e histórias reveladoras

JACQUELINE COSTA

Biografia de Clodovil traz um desfile de polêmicas e histórias reveladoras

Biografia de Clodovil traz um desfile de polêmicas e histórias reveladoras
Foto: ArquivoClodovil Hernandes em comissão na Câmara dos deputados.

Clodovil esteve no enterro de Coco Chanel, o que deixou o rival Dener, que era apaixonado pela francesa, verde de raiva. Foi pioneiro no mundo da alta-costura nacional, acrescentando um humor e uma brasilidade que até então não existiam. No programa “TV Mulher”, em plena ditadura, tratou de temas como o orgasmo feminino. No fim da vida, seus arremates foram para o campo da política: foi o primeiro deputado federal assumidamente LGBT do Brasil e o quarto mais votado do país em 2006.

Durante dois anos, o jornalista Carlos Minuano reuniu essas e outras histórias para lançar a biografia “Tons de Clô”, da editora Best Seller, que acaba de chegar às livrarias. O autor costurou um desfile de polêmicas e passagens picantes e reveladoras do estilista, apresentador e político. Fez uma extensa pesquisa em revistas, jornais, sites e blogs, além de entrevistas com pessoas próximas, como Amaury Jr., Sonia Abrão, Vida Vlatt e o estilista Ronaldo Ésper, que escreveu a orelha.

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Foto: ReproduçãoClodovil, nos anos 80, mostra suas criações.

Minuano diz que chegou a pensar que nunca terminaria o livro, porque algumas pessoas se recusaram a colaborar, além de outras terem afirmado que o personagem principal de sua história teria sido assassinado.

“Na apuração, encontrei relatos de desvios de dinheiro no gabinete dele, recebimento de mensalão por parte de assessores, mas, apesar de ter obtido alguns detalhes sobre o assunto e de ter encontrado pessoas com provas dessas denúncias, as fontes, por medo, declinaram de se identificar e, sem as provas, só pude falar sobre isso superficialmente. Se não foi assassinado, como muitos acreditam, me parece que ele morreu após uma grande decepção, que o deixou bem abalado, ao descobrir que estava sendo roubado. Acho que ainda tem muito para ser investigado”.

Do nome verdadeiro, Clodovir, às confusões com o movimento LGBT

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Foto: Aílton de Freitas / Agência O GloboClodovil em seu gabinete na Câmara dos Deputados.

Carlos Minuano nunca esteve com Clodovil e nunca foi seu fã. Ele conta que a ideia de escrever sobre esse personagem controverso surgiu, em 2012, durante uma reportagem em Ubatuba.

“Fui cobrir a inauguração de um espaço em homenagem a ele lá. Um ex-assessor me procurou com uma proposta de produzir uma série sobre histórias picantes do Clodovil na cidade litorânea. Chegou a adiantar alguma coisa para a matéria que estava fazendo, mas recusei o projeto. Voltei a Ubatuba outras vezes, e mais pessoas que conheceram Clodovil me procuraram contando histórias. A mansão dele nesta época, entre 2012 e 2013, estava no centro de um processo judicial, e ameaçada de ser demolida, seus bens estavam todos sendo vendidos, tudo isso começou a chamar a minha atenção”, conta o jornalista.

Clodovil Hernandes, que morreu em 2009, na verdade, foi registrado como Clodovir, nome que aparece em sua certidão de nascimento, por causa de um erro no cartório. A história dele com a moda teria começado em casa, com a sua mãe, a imigrante espanhola Isabel Hernandes, que fazia vestidos de noiva. Para Carlos, duas revelações sobre a vida de Clodovil o marcaram para sempre: o fato de ter sido adotado e ter se descoberto gay. Ronaldo Ésper diz, nas páginas, que o estilista foi achado em cima de um formigueiro. O livro destaca o lado atormentado de Clodovil em relação à sua vida pessoal. Carlos acredita que os aspectos mais desconhecidos de sua personalidade estão no terreno da sexualidade:

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Foto: Reprodução/ArquivoDa esquerda para direita: Ronaldo Esper, José Gayegos, Clodovil e Dener Pamplona.

“Clodovil nunca teve uma relação amorosa, acredita? Tinha certamente muita coisa mal resolvida nessa área. Pelo que me contaram, ele era muito promíscuo, teve fases em que saía quase todas as noites, mas, por outro lado, às vezes não fazia nada com os rapazes que contratava. Ou quase nada. Ele era voyeur, gostava de ver e filmar”.

No livro, o autor menciona uma entrevista dada por Clodovil à revista “Isto é”, em 2003. Aos 13 anos, ao voltar de uma missa, ele teria surpreendido o pai na cama com outro homem. E o outro homem era o irmão de sua mãe, ou seja, seu tio. O menino teria tido a sua primeira experiência sexual com um padre do colégio onde estudava, aos 11 anos.

Na política, não foram poucos os desafetos colecionados pelo polêmico Clodovil. A incapacidade de controlar a sua própria língua fica evidente em várias passagens do livro, principalmente durante a fase em que o estilista esteve na TV. À frente ou nos bastidores, quase todo dia tinha uma saia justa, inclusive desavenças entre Clodovil e seus entrevistados.

“Teve também as confusões com o mundo gay. Certa vez, foi convidado para a Parada do Orgulho Gay, mas respondeu que não tinha orgulho nenhum de ser gay, e foi vaiado por militantes. No livro, também conto muitas passagens engraçadas”.

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Foto: Arquivo/ReproduçãoClodovil.
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