Rio de Janeiro

Investigação cita visita de assassino de Marielle Franco a Bolsonaro, diz Globo

Jornal Nacional divulgou uma menção nominal ao presidente no caso dos assassinatos da vereadora e do motorista dela. PSOL cobra esclarecimentos.

Planilha de acesso ao condomínio Vivendas da Barra mostra registro do nome "Élcio", do carro "Renault Logan, placa AGH-8202" e da casa número "58", imóvel de Bolsonaro. (Foto: Reprodução/TV Globo)
Planilha de acesso ao condomínio Vivendas da Barra mostra registro do nome “Élcio”, do carro “Renault Logan, placa AGH-8202” e da casa número “58”, imóvel de Bolsonaro. (Foto: Reprodução/TV Globo)

A edição de hoje do Jornal Nacional divulgou uma menção nominal ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) no caso dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL), do Rio de Janeiro, e do motorista dela, Anderson Gomes, ocorridos em 14 de março de 2018. De acordo com o telejornal, a simples citação ao nome do presidente pode levar o caso a ser investigado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), devido ao foro por prerrogativa de função.

O Gay1 procurou a assessoria do Palácio do Planalto para comentar o caso, mas ainda não obteve resposta. Em live pelo Facebook, Bolsonaro atacou duramente a TV Globo e chamou a reportagem de “patifaria”.

O porteiro do condomínio onde morava Bolsonaro à época disse em depoimento que alguém com a voz dele autorizou a entrada de um dos suspeitos da morte da vereadora no dia do crime. Bolsonaro, no entanto, neste dia estava na Câmara dos Deputados, segundo registro de presença da Casa consultado pela reportagem da TV Globo.

De acordo com o telejornal, o caderno da única portaria do Vivendas da Barra foi analisado pela polícia e apontou um visitante ao local na noite do crime. No mesmo condomínio vivia o policial militar reformado Ronnie Lessa, apontado pelo Ministério Público e pela Polícia Civil como o autor dos disparos que mataram Marielle e Anderson. O suspeito teria anunciado ao porteiro que visitaria Bolsonaro, mas se direcionou para a casa de Lessa, segundo a reportagem.

Horas antes do crime, às 17h10 de 14 de março de 2018, Élcio Vieira de Queiroz – outro suspeito do crime preso pelos assassinatos – chegou à portaria do condomínio e disse que ia a uma das casas que pertencem a Bolsonaro. O nome de Élcio ficou registrado no caderno, assim como o veículo no qual ele estava (um Renault Logan, placa AGH-8202). O porteiro então informa, ainda de acordo com a reportagem, ter contatado a casa; segundo dois depoimentos, “seu Jair” liberou a entrada.

As câmeras do condomínio acompanharam o trajeto do carro de Élcio, mas seu carro foi a outro endereço, onde morava Ronnie Lessa. O porteiro afirma então que ligou para a casa do presidente da República, que teria, segundo o depoimento ao qual a reportagem afirma ter dito acesso, dito saber para onde o veículo liberado estava indo. Élcio e Ronnie saíram juntos do local mais tarde.

Questionada pela reportagem sobre qual fase do inquérito contém os depoimentos do porteiro do condomínio, a Polícia Civil do Rio não respondeu, dizendo apenas que as investigações estão sob sigilo e que estão em sua segunda fase.

A polícia considera a primeira fase do inquérito a que apurou os executores dos assassinatos —apontados pela investigação estadual como o PM reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Queiroz. Lessa teria atirado contra o carro de Marielle e Anderson, enquanto Queiroz teria dirigido o carro usado na emboscada, um Cobalt prata.

Bolsonaro em Brasília

Conforme registro oficial da Câmara dos Deputados citado pelo Jornal Nacional, o então deputado federal Jair Bolsonaro estava em Brasília naquela data. Registros de redes sociais reforçam o argumento.

Ainda segundo a Globo, antes da divulgação das informações, no dia 17 de outubro, representantes do MP foram a Brasília para consultar o presidente do STF, Dias Toffoli, sem avisar juiz do caso, para perguntar se deveriam continuar com as investigações. Toffoli ainda não respondeu, segundo o telejornal.

PSOL cobra esclarecimentos

Em nota, o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, classificou a informação divulgada pelo Jornal Nacional como “muito grave”. Além disso, a sigla à qual pertencia a vereadora exigiu esclarecimentos “imediatamente”.

“O PSOL nunca fez qualquer ilação entre o assassinato e Jair Bolsonaro. Mas as informações veiculadas hoje são gravíssimas. O Brasil não pode conviver com qualquer dúvida sobre a relação entre o Presidente da República e um assassinato. As autoridades responsáveis pela investigação precisam se manifestar. Exigimos respostas. Exigimos justiça para Marielle e Anderson”, comunicou.

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