Distrito Federal

PMs vítimas de LGBTfobia no DF são ouvidos em Inquérito Policial Militar

Em janeiro, dois casais se beijaram durante formatura; tenente-coronel da reserva usou redes sociais para ser homofóbico. Nesta quinta (20), soldado Henrique Harrison e cabo Cely Farias prestaram depoimento.

Beijo em formatura de PMs causa comentários LGBTfobicos no DF. (Foto: Reprodução/Instagram)

Após prestar depoimento, nesta quinta-feira (20), o soldado da Polícia Militar do Distrito Federal Henrique Harrison, vítima de LGBTfobia por publicar uma foto beijando o companheiro, durante a formatura, se manifestou sobre o caso. Ele afirmou que espera que os envolvidos sejam punidos.

“Eu espero da PM-DF, como boa corporação que ela é, a punição de todos os envolvidos identificados. Por todo mal que eles me fizeram, por todo medo que eles me fizeram sentir, por toda insegurança.”

Harison – que é gay – e a cabo Cely Farias – que é lésbica – foram ouvidos em um Inquérito Policial Militar (IPM), na condição de vítimas. Em janeiro, os dois levaram seus respectivos parceiros à solenidade e foram ofendidos por um tenente-coronel da reserva, que usou as redes sociais para destilar preconceito.

A polêmica começou no dia 11 de janeiro, após a divulgação das fotos. Em um áudio, que circulou em vários grupos, um tenente-coronel da reserva afirmou que a demonstração de afeto foi “uma avacalhação” e “frescura”.

Ele disse ainda que a imagem da corporação estava “irreversivelmente maculada” (veja mais abaixo).

Somos todos iguais

Nesta quinta-feira, o soldado Henrique Harrison disse que deixa como mensagem a perseverança. “Para acreditar que somos todos iguais e que a gente tem os mesmos direitos e merecemos ser respeitados”, afirmou.

“O que me enche de esperança são as mensagens positivas que eu tenho recebido. Tenho esperança de que vai dar tudo certo.”

A cabo Cely, que também prestou depoimento nesta quinta, estava acompanhada de um advogado. A militar se apresentou fardada.

Também alvo de LGBTfobia por beijo, a cabo Cely também prestou depoimento nesta quinta-feira, 20. (Foto: Arquivo pessoal)
Também alvo de LGBTfobia por beijo, a cabo Cely também prestou depoimento nesta quinta-feira, 20. (Foto: Arquivo pessoal)

Questionada, a Polícia Militar informou que “as investigações se encontram em andamento por meio de Inquérito Policial Militar, e seguem sob sigilo, a fim de preservar a instrução criminal em curso”.

O Ministério Público do DF, por meio do Núcleo de Enfrentamento à Discriminação (NED), também instaurou um procedimento para a “apuração da prática homofóbica e adoção das medidas cabíveis”. No entanto, por conta da pandemia do novo coronavírus, o MP disse que foi preciso suspender o andamento do processo.

“Em virtude da complexidade do caso o NED optou por não colher os depoimentos dos envolvidos no incidente por videoconferência”, explicou o MP.

A Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do DF pediu à Polícia Militar uma investigação sobre o episódio. A corporação disse que “os áudios atribuídos a um coronel da reserva remunerada manifestavam uma opinião pessoal, e seriam analisados”. À época, a PM afirmou ainda que “não coaduna ou apregoa quaisquer tipos de preconceito”. No entanto, proibiu os militares envolvidos de conceder entrevistas.

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