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Top do ano – Assuntos para levantar qualquer conversa

01 de Janeiro a 18 de Dezembro – 2011

Como há muito tempo não ocorria, 2011 foi um ano de intensa discussão e repleta de acontecimentos envolvendo os direitos LGBT. São Paulo registrou ataques homofóbicos, Jair Bolsonaro e Myrian Rios falaram besteiras, o SBT exibiu um beijo lésbico numa novela, o STF aprovou a união estável, o governo recuou na criação do kit anti-homofobia e o Congresso ainda discute o projeto que combate o preconceito.
  • O ano foi marcado por diferentes ataques a homossexuais na região da avenida Paulista, em São Paulo. Em 12 meses, ocorreram ao menos seis ataques com motivação homofóbica no local. Os casos foram todos semelhantes. Jovens, em grupo, atacaram homens sozinhos ou em dupla, que caminhavam pela avenida durante a noite ou madrugada.
  • Paralelamente à violência física contra LGBTs, o deputado federal Jair Bolsonaro se notabilizou pelas declarações fortes, muitas vezes grosseiras, sobre o tema. “Estou me lixando para esse pessoal aí [do movimento gay]. O que esse pessoal tem a oferecer para a sociedade? Casamento gay? Adoção de filhos? Dizer para vocês que são jovens que, no dia em que vocês tiverem um filho, se for gay, é legal e vai ser o ‘uhuhu’ da família? Esse pessoal não tem nada a oferecer”.
  • A ex-atriz e agora deputada estadual Myrian Rios também se envolveu em polêmica ao declarar: “Não sou preconceituosa e não discrimino. Só que eu tenho que ter o direito de não querer um homossexual como meu empregado, eventualmente”. E acrescentou: “Digamos que eu tenha duas meninas em casa e a minha babá é lésbica. Se a minha orientação sexual for contrária e eu quiser demiti-la, eu não posso”. Diante da repercussão do caso, Myrian Rios se desculpou pelas frases.
  • A Câmara de Vereadores de São Paulo deu a contribuição mais folclórica ao assunto ao aprovar a criação do Dia do Orgulho Heterossexual, por sugestão do vereador Carlos Apolinário, para quem “o projeto é um protesto contra os privilégios dados aos gays”. A decisão foi ridicularizada até no exterior. Pressionado por diversas entidades, o prefeito Gilberto Kassab vetou o projeto.
  • Uma frase inadequada, na visão do governo, levou a presidente Dilma Rousseff a suspender o chamado “kit anti-homofobia”, um material a ser enviado às escolas com o objetivo de combater a violência e a homofobia. Dilma disse que não aceitaria “propaganda de opções sexuais”. A decisão agradou a bancada evangélica, que dá apoio ao governo no Congresso.
  • Do ponto de vista dos direitos, o mais importante foi a decisão unânime do Supremo Tribunal Federal a respeito da união estável homoafetiva. O STF considerou que uma união, para ser considerada estável, deve ser duradoura, pública, contínua e com o objetivo de constituir família. As uniões estáveis levam ao reconhecimento de todo casal heterossexual como “entidade familiar”. Essa interpretação agora se estende a casais do mesmo sexo.
  • Um decreto do governador do Rio, Sergio Cabral, estabeleceu que travestis e transexuais do Estado poderão usar nome social (o modo como as pessoas são identificados na sua comunidade e em seu meio social) para fazer matrículas em escolas, prestar queixa em delegacia e fazer cadastros públicos. A medida atendeu a uma antiga reivindicação das travestis e transexuais.
  • O SBT fez história ao exibir um beijo caloroso entre duas mulheres na novela “Amor e Revolução”. Foi o primeiro beijo lésbico/gay em uma novela diária no Brasil. A repercussão da cena, no entanto, assustou a emissora, que determinou ao autor da trama, Tiago Santiago, que não tratasse mais do assunto. Uma segunda cena, já gravada, foi cortada, mas caiu na internet.
  • O jogador Michael, da equipe Vôlei Futuro, foi protagonista de uma das cenas mais impressionantes do ano. Sua equipe enfrentava o Cruzeiro, num ginásio lotado, com mais de 2.000 pessoas. Cada vez que tocava na bola, o público o ofendia com gritos de “bicha”, “gay” e “viado”. “Não acho que [minha orientação sexual] seja importante. Quem me vê dentro de quadra e me conhece sabe o que sou. Mas foi uma agressão.”
  • 10º
    O ano vai terminar sem que seja votado o famoso projeto de lei que pune a homofobia no Brasil. Examinado já há dez anos, o texto é combatido por diversos grupos e causa divergências mesmo entre os defensores dos direitos LGBT. No capítulo mais recente do imbróglio, a deputada Marta Suplicy pediu o reexame do projeto.


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