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Transgênero tenta vaga em Londres-2012 pelos EUA e faz história

Da Folha S.Paulo

A atleta Keelin Godsey compete no arremesso de martelo na seletiva da equipe de atletismo dos EUA (Foto: Morry Gash/Associated Press)A atleta Keelin Godsey compete no arremesso de martelo na seletiva da equipe de atletismo dos EUA (Foto: Morry Gash/Associated Press)

Ser uma das três melhores do país em seu esporte e conseguir a classificação para os Jogos Olímpicos de Londres.

Para qualquer mulher atleta atingir tal feito seria motivo de orgulho. Mas para Keelin Godsey ele também carrega uma ponta de frustração.

Destaque no lançamento de martelo, Godsey, 28, nasceu mulher, compete contra mulheres, mas vive o restante de sua vida como homem.

É o primeiro esportista transgênero assumido a tentar uma vaga olímpica na equipe dos Estados Unidos.

Sua meta foi frustrada na quinta. Godsey, batizada Kelly ao nascer, terminou em quinto no qualificatório –três vagas foram distribuídas.

Mas sua simples participação na seletiva já é um fato histórico e ajuda a jogar luz sobre uma discussão ainda complicada no esporte.

Atletas transgêneros continuam a ser alvos de questionamentos. Como devem ser classificados? Contra quem devem competir?

“Eu sou uma mulher quando vou competir. Todo dia eu me estresso e surto. Como eu estou? O que vão pensar de mim? Alguém vai dizer alguma coisa na pista?”, disse Godsey à “Sports Illustrated”.

O COI (Comitê Olímpico Internacional) definiu em 2003 as regras para transgêneros que querem competir contra atletas do mesmo sexo com o qual se identificam.

Se a mudança ocorre antes da puberdade, o atleta é classificado como ele se declara.

Se for após a puberdade, o competidor tem de seguir algumas regras: ter feito a cirurgia de transformação (órgãos internos e externos), ter a nova identidade reconhecida legalmente e passar por terapia hormonal.

Para o COI, com a transformação completa, o atleta não terá vantagem “desleal” sobre os rivais. Por exemplo: um homem que se apresenta como mulher mas tem alto nível de hormônio masculino seria mais forte que as atletas contra quem competirá.

Godsey não passou por cirurgia nem tratamento hormonal. Se orgulha dos músculos que ganhou graças só ao esforço na academia, mas sofre por ainda conviver com órgãos genitais femininos.

Nas competições, é uma mulher disputando a medalha contra outras mulheres.

No Pan-2011, Godsey terminou na quinta colocação.

Seu caso é diferente do de Caster Semenya, corredora do Quênia. No Mundial de 2009, a atleta venceu os 800 m de forma espantosa e gerou desconfiança sobre sua identidade sexual. Caster é hermafrodita e tem órgãos masculinos e femininos.

Após 11 meses de testes e discussões, ela foi liberada para voltar a correr.

O caso é semelhante ao da judoca Edinanci Silva. A atleta nasceu com problema genético e apresentava características dos dois sexos, produzindo mais hormônio masculino. Antes dos Jogos de 1996, ela se submeteu a uma operação. Em Atlanta, passou por um teste de feminilidade, exigido pelo COI. As informações são da Folha de S.Paulo.

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