Obama conquista votos em Rhode Island com apoio ao casamento igualitário
Por Patrick Brock, Do Terra
O envolvimento da comunidade LGBT na política em Providence mostra como o partido do presidente Barack Obama é mais favorável aos interesses desse eleitorado. Enquanto isso, os republicanos seguem tentando garantir o voto dos mais religiosos condenando o casamento entre pessoas do mesmo sexo, uma problemática corrente nos EUA e comparada por alguns à briga pelos direitos civis dos negros nos anos 60.
Tal engajamento representa mais um grupo de eleitores dedicado a Obama, um presidente que muito polarizou a política americana – mas também ainda consegue cativar a esquerda do país, apesar das várias promessas de campanha que não cumpriu, como fechar a base militar em Guantánamo, em Cuba, onde são mantidos alguns prisioneiros da guerra contra o terrorismo iniciada após o 11 de setembro de 2001.
Sendo cidade da costa leste dos Estados Unidos e também sede da Universidade Brown, considerada de elite, Providence é obviamente mais progressista que uma cidade pequena no Estado do Tennessee, parte do chamado “cinturão da Bíblia”, por exemplo. Seu penúltimo prefeito foi David N. Cicilline, que de 2002 a 2010 foi o primeiro gay assumido a liderar uma capital estadual americana. Depois disso, Cicilline, cujo pai foi advogado de mafiosos em Providence, conseguiu se eleger para a Câmara dos Deputados no Congresso americano e agora disputa a reeleição com ampla vantagem. O Estado também tem outros políticos gays e lésbicas importantes, como o presidente da Assembleia Estadual.
Outro exemplo do engajamento da comunidade LGBT local com o Partido Democrata é que uma das muitas festas promovidas por eleitores democratas para assistir ao discurso de Obama no último dia da convenção do partido foi organizada por Anthony DeRose numa boate local voltada para o público LGBT. Também conhecido pela personagem Jacqueline DiMera, Anthony chegou a cogitar uma campanha para se eleger deputado estadual antes de desistir para se concentrar mais no ativismo político em todo Rhode Island, e não apenas no distrito pelo qual cogitou se eleger. “O Partido Democrata sempre foi o partido das ideias progressistas e, nos últimos dois anos, eles mostraram uma aceitação maior”, disse Anthony, em entrevista ao Terra.
Segundo Joseph Lazzarini, que foi coordenador da campanha de DeRose, existe uma forte mobilização da comunidade LGBT de Rhode Island em torno do Partido Democrata devido à aceitação maior que mulheres, minorias, negros e imigrantes encontram no partido. “Pela primeira vez, um partido apoiou abertamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Essa é uma questão muito importante para nós”, disse Lazzarini.
Rhode Island ainda não tem legislação que permita o casamento entre pessoas de mesmo sexo, diferentemente dos vizinhos Nova York, Massachusetts e Connecticut. Embora ache que não é correto legislar os direitos das pessoas pelo voto, Joseph diz que votaria em favor de um plebiscito estadual que permitisse o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Em maio, Obama deu uma entrevista à rede de TV ABC em que finalmente se colocou em favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, depois de passar quase dois anos em cima do muro, em mais um exemplo da postura cautelosamente centrista adotada pelo presidente em sua tentativa de estabelecer uma política mais apartidária. “Hesitei em relação ao casamento gay porque achava que as uniões civis seriam suficientes”, disse Obama na entrevista.
A primeira medida realmente impactante de Obama em favor de LGBTs americanos foi a extinção, no ano passado, da política conhecida como “Don’t Ask, Don’t Tell” (Não Pergunte, Não Conte) nas forças armadas americanas, em que LGBTs eram proibidos de servir abertamente. Após o Departamento da Defesa conduzir um estudo com os soldados que estão servindo atualmente, para determinar que não ocorreria um impacto negativo com a eliminação da política, um projeto de lei eliminando a proibição foi aprovado no Congresso e sancionado pelo presidente. Um estudo divulgado recentemente e que avaliou o impacto da mudança não encontrou grandes problemas.
Diferentemente do fim da segregação racial nas forças armadas, encerrada pelo presidente Harry Truman em 1948 por decreto presidencial, Obama optou por seguir um caminho mais centrista e garantir aprovação do Congresso. E o exército americano, que desde o conflito no Vietnã não obriga ninguém a servir nas forças armadas, mostrou como sempre se adaptou às mudanças sociais e culturais dos EUA para garantir a eficiência e logo passou a permitir a realização de casamentos entre pessoas do mesmo sexo pelos capelães militares.
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