Foto: Ed Alves/CD/D.A Press
Casada com uma mulher, a empresária Mara Alcamim diz nunca ter sofrido preconceito em Brasília e acredita que a cidade receberá bem o público LGBT.
Brasília se tornará um polo de turismo LGBT. Este ano, o Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), começará a divulgar algumas cidades do Brasil como destinos gay-friendly, ou seja, locais em que a convivência com a lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais é harmoniosa. Também entram no pacote Recife, Rio de Janeiro e Salvador, embora essas três capitais já tenham o hábito de receber LGBTs de braços abertos e leis de combate a homofobia. O Distrito Federal ainda engatinha no assunto. Não existe mão de obra especializada, nem ações de estímulo, mas é possível encontrar o público se divertindo em bares, baladas e restaurantes. Quase sempre em paz.
Segundo dados da Embratur, homossexuais gastam 30% a mais em turismo do que os héteros. E, por isso, são mais exigentes. Eles buscam, entre outras coisas, segurança, conforto e receptividade. “Nosso objetivo é ampliar a visibilidade e a participação do Brasil no segmento de turismo LGBT, e os municípios querem se tornar aptos a receber esses visitantes”, explica o presidente da Embratur, Vicente Neto. Para ele, existe uma conquista progressiva. “Nossa rica diversidade cultural e natural, a alegria do povo e a qualidade dos produtos produzidos aqui fazem do Brasil um destino único.”
Vinte e três anos atrás, quando nem se imaginava a possibilidade de a capital ser considerada flexível a ponto de virar sugestão de turismo para homossexuais, a empresária Mara Alcamim, 48 anos, abria as portas do bar Lobo Mau, na Asa Norte, um boteco notoriamente LGBT. “Naquela época, era mais difícil. Os frequentadores eram todos gays, por isso o local ficou estigmatizado. Até mesmo quando resolvi me desfazer do bar e mudar para os Estados Unidos, foi complicado. Vender o ponto foi uma luta, pois ninguém queria se vincular”, lembra.
Décadas depois, as mudanças fizeram bem para a capital. “Essa história de bater em gay existe, mas não é só aqui. As pessoas são diferentes, algumas intolerantes. Mas acho a cidade incrível e tenho certeza de que vamos receber todos de braços abertos”, avalia Mara. Segundo ela, a passagem do tempo fez tão bem ao DF que, hoje, os negócios no Universal Diner, na Asa Sul, vão muito bem. Mesmo sem levantar a bandeira do arco-íris, o restaurante é considerado gay-friendly. “Acho normal ver dois rapazes ou duas moças na mesma mesa, em clima de romance. Em 17 anos de casa, o garçom ou o cliente que achar esquisito pode correr e pular da janela” brinca Mara, que é casada com outra mulher: “Ando tranquila em Brasília. Nunca sofri preconceito.”
*Com informações do Correio Braziliense