Foto: Leandro Pagliaro/Divulgação
Cauã Reymond contracena com Julio Machado no clipe de ‘Your armies’.
Cauã Reymond surge irreconhecível no clipe de “Your armies”, novo trabalho de Barbara Ohana. Também pudera: o galã despiu-se de sua masculinidade e, de salto alto, corset de renda e peruca loira, encarnou a travesti Clara no vídeo, dirigido por Allexia Galvão e Daniel Rezende, indicado ao Oscar pela montagem de “Cidade de Deus”. Para dar vida à travesti que é espancada por um homem com quem flertou em um show e se vinga de forma poética, o ator precisou ficar dois meses sem malhar para atenuar os músculos: “Passei as férias andando de salto pela casa para aprender”. E não só. Sua transformação também contou com a ajuda de Marie Salles, figurinista de “A regra do jogo”, e do maquiador Max Weber, que já cuidou de tops como Naomi Campbell e Cara Delevingne. O orçamento do clipe, gravado em abril em São Paulo e lançado neste domingo, saiu dos bolsos dos envolvidos, inclusive do de Cauã.
Em entrevista ao O GLOBO, Cauã Reymond comentou que esse não foi seu primeiro personagem LGBT. “Fiz um trabalho no ‘Estamos juntos’ (filme de 2011), que foi pouco visto, mas muito premiado, e minha atuação como o Murilo, um personagem gay, foi muito elogiada. Mas Murilo era muito diferente da Clara, que é travesti. Busquei entender internamente como era essa personagem, tentei não fazer igual ao Murilo. Tentei transmitir delicadeza, porque é um assunto muito importante” disse o ator, que espera passar uma mensagem de luta contra o preconceito.
“Infelizmente esse clipe está saindo num momento muito oportuno, o que só reforça a mensagem. As pessoas precisam aprender a respeitar as diferenças, independentemente da orientação sexual, religiosa, política. Precisamos respeitar o espaço alheio”, comentou.
Cauã disse também não ter ficado preocupado com possíveis criticas por ser um heterossexual fazendo papel trans, caso do Jared Leto, que venceu um Oscar pelo “Clube de Compras Dallas” e do próprio Andrew Garfield, que fez o clipe do Arcade Fire. “Essa é a minha profissão, é o meu ofício, viver personagens interessantes é o que me faz entrar num projeto. Vou pelo desafio artístico. Com os personagens, a gente consegue entender um pouco mais sobre as pessoas, e isso é a coisa mais bacana da minha profissão, o que me enriquece como profissional e como indivíduo. Se eu for criticado, eu vou entender, mas eu trabalho com ficção, e se um ator não puder se transformar e buscar trabalhos desafiadores, vai ficar tudo muito monótono. A bandeira que defendemos é a mesma. A beleza que a gente está propondo é a aceitação do que é diferente para cada um e o respeito”.