#CloseErrado: Jornalista hétero usa apps de encontro para tirar atletas do armário

Por Felippe Canale
Jornalista hétero usa apps de encontro para tirar atletas do armário

Foto: Imagem de divulgação

Nico Hines e a sua polêmica reportagem que saiu do ar.

Um assunto tem repercutido dentro e fora do Brasil devido a uma pauta de um jornalista americano, Nico Hines, do The Daily Beast. Ele teve a imbecil ideia de entrar na Vila Olímpica da Rio 2016 usando apps de encontro, como o Tinder e o Grindr.

Com um perfil de fotos falsas, ele conseguiu marcar encontros com diversos atletas e publicou algumas dessas conversas no seu site. Obviamente, ele não chegou a sair com nenhum deles, afinal, a ideia era apenas ridicularizá-los. Nico chegou a citar quais esportes os tais atletas praticavam e até os seus países de origem. O resultado? Desastroso.

Muitos desses atletas tem pouco mais de 18 anos e tiveram suas vidas expostas antes mesmo de terem se assumido para os seus familiares. Outros, que são casados e tem filhos, terão muito a explicar para as suas famílias. E o pior! Alguns desses atletas vivem em países em que ser LGBT é crime e nem mesmo poderão voltar para as suas casas.

A repercussão pegou tão mal que o artigo original foi tirado do ar e o editor do site, Nico Hines, pediu desculpas públicas para todos os atletas e também para os seus leitores. Mas, na internet nada se cria, tudo se copia. A história vazou aos 4 ventos e teve atleta fazendo textão pra expor a gravidade do caso.

Dá uma lida neste desabafo que o nadador Amini Fonua, de Tonga, publicou no seu twitter pessoal:

“Um jornalista de merda, hétero, entrou no Grindr na vila olímpica, viu que tinham muitos atletas gays, pegou as informações de cada um e publicou num site. Alguns desses atletas não estavam fora do armário (sair do armário no meio esportivo é algo BEM complicado), outros vinham de países onde ser gay é ilegal (eles podem ser presos, impossibilitados de jogar pra sempre, sofrerem atentados, até ser mortos), e, como o nadador da foto aqui falou, alguns tem cerca de 18 anos e deveriam ter o direito de escolher quando e onde sair do armário (cada pessoa deve decidir a hora de falar para suas famílias e amigos). Agora imagina esses atletas, que treinaram nos últimos 4 anos, além da cobrança de participar de uma olimpíada, tendo que competir no meio dessa montanha russa de emoções. Um jornalista escroto desses não merece ser chamado de jornalista. Gostaria que a vida dele se fudesse com isso, que ele recebesse mil processos no cu, mas eu tenho certeza absoluta que nada vai acontecer com ele, muito antes pelo contrário, só vai ficar mais famoso.”

Tudo isso ajudou a reacender o debate de até onde vai a liberdade de imprensa. Com toda certeza, não deveria chegar nem perto de atitudes que possam prejudicar as vidas de pessoas inocentes.

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