A proposta era um tanto incomum: Gloria Groove cantando um show de sucessos, ela que habitualmente se apresenta apenas em casas noturnas, Paradas LGBT, festivais ou boates, se apresentando em um teatro, na Semana da Diversidade LGBTI do Sesc.
O que se viu no Teatro Sesc Paulo Autran, em Taguatinga, DF, na segunda-feira (18) foi algo bem incomum: uma plateia deixando o local extasiada, depois de cantar e ouvir talvez a voz mais poderosa da drag music brasileira, em mais uma noite de dança, técnica e emoção. E o Gay1 acompanhou tudo.
Groove é uma força da diversidade. Daniel Garcia Felicione Napoleão, que da vida a drag, é caso raro de um artista, cantor e compositor que impressiona cantando em qualquer intensidade, de um sacudido pop com pegada eletrônica, passando pelo rap a uma canção intimista, de arrepiar, depois de cita uma agressão homofóbica vivida em um ônibus.
A postura dos fãs é de devoção. Uma adoração forte, mas respeitosa. A altivez da cantora drag em cena até convida os fãs a cantarem juntos, inibindo os gritinhos histéricos que pontuam shows de outras ditas “divas” da drag music brasileira. Groove é para entrar no ritmo, prestar atenção e se apaixonar.
Ela tem tamanho controle do show que consegue domar qualquer sinal de insurgência. Quando ia cantar o single ‘O Proceder’, o som não vinha, nada de batida, gritos pipocaram pelo salão. “A dona da festa hoje não sou eu. São vocês”, dito de forma curta e grave, foi suficiente para o soltarem a música.
Teatro lotado, com pessoas sentadas nos corredores, escoradas nas paredes e muita gente do lado de fora por falta de espaço. “Tem muita gente lá fora, tive sorte”, comentou um fã, um dos últimas a entra antes de fecharem as portas.
Antes da Gloria Groove fazer o show, teve falas de ativistas, organizadores do evento e responsáveis pelo Sesc Taguatinga. A deputado federal Erika Kokay foi homenageada com um prêmio pelo seus serviços prestados à comunidade LGBT e criticou uma decisão da Justiça do DF que dá margem para o uso de terapias de ‘reversão sexual’. “Não há cura para o que não é doença”, discursou a parlamentar.
No final, depois de cantar seus sucessos, Groove ainda arrumou tempo para conversar e tirar fotos com todos os fã, que fizeram duas filas enorme para ter um registro de uma noite especial.