No começo da década 50, o rock surgiu como um gênero musical das minorias, mais especificamente das que viviam nos subúrbios das grandes cidades dos Estados Unidos. De lá, o ritmo se espalhou rapidamente pelo resto do mundo, fazendo brancos e negros ouvirem a mesma música, o que até então era pouco comum.
Ao longo das décadas seguintes, a diversidade sexual foi se tornando um tema importante em suas músicas. Pelo caminho aberto por Elvis Presley, passaram Beatles e Rolling Stones, nos 60. Anos mais tarde, seria a vez de David Bowie colocar definitivamente a androginia e a bissexualidade no centro do palco, com seu famoso alter ego Ziggy Stardust.
Mas o primeiro grande ídolo LGBT do rock surgiu na década de 70, com a chegada de Freddie Mercury, o líder do lendário grupo Queen. Arrojadado como artista, com forte presença de palco e figurinos ousados, ele brilhava subvertendo o papel do vocalista machão.
Apesar dos rumores na imprensa e dos seus conhecidos relacionamentos com homens durante toda a sua vida, Freddie só revelou sua bissexualidade em 1991, um dia antes de sua morte, em 24 de novembro daquele ano. Na ocasião, ele estava com o cabeleireiro Jim Hutton, com quem teve um relacionamento por seis anos.
Dentre os inúmeros sucessos do Queen, está a canção “I Want To Brake Free”. Que apesar de falar sobre liberação feminina, sempre foi vista como ‘hino gay’, por mostrar Freddie vestido como uma dona de casa entediada, no melhor estilo crossdresser.
Mas voltando a Bowie e Mick Jagger dos Stones, uma fofoca famosa nos bastidores do rock dá conta de que os dois ingleses teriam tido um romance explosivo. O rumor nunca foi confirmado.
A ex-esposa de Bowie, Angela Barnett afirmou no livro “Backstage Passes”, publicado em 1993, que flagrou os dois dormindo juntos ao chegar um dia em casa.
Enquanto isso, do outro lado do atlântico, nos Estados Unidos, Lou Reed liderava a banda de rock experimental The Velvet Undergound, famosa por estar no centro do fervo cultural do país, Nova York. Aliás, quem esquece a icônica capa estampada com uma banana do primeiro álbum da banda, feita por Andy Warhol?
Em 1974, na canção “Kill Your Sons”, Lou contou a experiência traumática de “cura gay” que foi submetido na adolescência. No livro “Popular Music and the Myths of Madness”, de Nicolas Spelman, ele falou sobre o tratamento de eletrochoque que recebeu.
“Eles colocaram uma coisa em sua garganta para que você não engula a língua, e eletrodos em sua cabeça. Em Rockland County, era isso o recomendado para desencorajar os sentimentos homossexuais. Mas o efeito principal é que você perde a sua memória e se tornar um vegetal. Você não consegue ler um livro, porque você começa a ler a página um e quando chega à 17, percebe que tem voltar para o começo”.
Até as vertentes mais pesadas do rock têm seus ídolos LGBTs. Como é o caso do líder da banda Judas Priest, o cantor Rob Halford.
Ele se assumiu em 1998, em uma entrevista à MTV. “As pessoas sabiam a vida toda que eu era gay, mas só recentemente, eu consegui falar”.
Já o punk rock, tem no ex-vocalista da banda Dead Kennedys Jello Biafra sua maior referencia gay. O cantor é um ativista ferrenho dos direitos LGBT.
Entre as roqueiras, um romance ficou famoso: Joan Jett e Cherie Currie, da banda The Runaways. O relacionamento ganhou fama apesar de nenhuma das duas assumirem publicamente suas orientações sexuais.
Os anos 80 nos trouxeram a banda REM e o seu líder carismático Michael Stipe, que se saiu do armário em uma entrevista a revista Time, em 2001.
Foi também nos anos 80, com ascensão do rock brasileiro, que os ícones LGBT do ritmo começaram a aparecer por aqui. Foi na década que nasceu a banda Barão Vermelho, que tinha como vocalista o cantor assumidamente bissexual Cazuza e que teve um romance com o também cantor Ney Matogrosso. Na mesma época, surgiu a banda Legião Urbana, comandada pelo cantor gay Renato Russo .
No Brasil, ainda se destacam outros ídolos LGBT, como a cantora Cássia Eller, lésbica que despontou para o sucesso nos anos 90 e abriu uma porta para o avanço dos direitos LGBT.
A roqueira viveu com a parceira Maria Eugenia por quase uma década e juntas criaram o filho biológico da cantora, Francisco, até a morte dela, em 2001, de ataque cardíaco.
Recentemente, nos anos 2000, uma nova vertente do gênero chegou, o indie rock. Com ele, surgiram novos ícones LGBT como Beth Ditto, vocalista do Gossip. Lésbica assumida, ela posou nua para a revista “On Our Backs”, dedicada às meninas.
O mais recente ícone LGBT é Kele Okereke, da banda britânica Block Party. O cantor se assumiu em 2010, em uma entrevista para a revista Butt. No mesmo ano, ele foi nomeado como o artista assumido mais sexy pelo site LP33.
Viva o rock LGBT!