Câmeras de segurança de ruas próximas e do Metrô, que gravaram parte da confusão e a fuga do assassino, ajudaram a polícia a localizar e prender o auxiliar de cozinha nesta terça-feira (25). Elas, porém, não registraram o momento da facada (veja no vídeo acima).
Fúvio foi reconhecido pelas testemunhas do caso, outros três gay que estavam com a vítima, como o homem que esfaqueou Plínio. Segundo o marido de Plínio e um casal de amigos gays deles contaram à polícia, antes de atacar o cabeleireiro com um canivete, o agressor havia ameaçado o grupo, dizendo que “gays têm de morrer”.
O Gay1 não conseguiu falar com o investigado ou com sua defesa para comentar o assunto.
Em entrevista nesta quarta-feira (26) ao Bom Dia SP, da TV Globo, o delegado Hamilton Costa Benfica, do 78º Distrito Policial (DP), nos Jardins, disse que Fúvio alegou que golpeou o peito de Plínio com um canivete para se defender dele e de outros três amigos após uma confusão causada por uma brincadeira.
Antes, ainda de acordo com a polícia, o auxiliar de cozinha falou que caminhava com um amigo pela Avenida Brigadeiro Luis Antonio em direção à Paulista, e que fez uma brincadeira com o colega quando começou a chover, dizendo “anda que nem homem”, mas os rapazes, que estavam perto, se ofenderam e partiram para cima dele.‘Anda que nem homem’
“Ele [Fúvio] confessa o crime, mas, segundo ele, fala que foi se defender. Ele está dando a versão que foi se defender dos quatro rapazes e desferiu o golpe com o canivete. Ele nega a motivação homofóbica. Segundo ele, subia com um colega de trabalho a Brigadeiro, fez uma brincadeira quando uma pequena chuva começou, e disse ‘anda que nem homem'”, disse o delegado sobre o que contou ter ouvido do cozinheiro em seu interrogatório.
“Os rapazes que também subiam à Paulista, o casal gay, com outros dois colegas, eles teriam ouvido essa frase e começou um desentendimento”, disse Hamilton. “Eles falam com muita clareza que o tempo todo Fúvio vinha falando frases de cunho homofóbico, provocando, falando frases bem fortes, tipo: ‘seus bichinhas etc’, e no final falou ainda: ‘gays têm de morrer’. E foi o momento do entrevero entre as partes, e que Fúvio acabou desferindo com canivete, ferindo o peito da vítima”.
Com Fúvio a investigação informou ter apreendido o canivete usado no assassinato do cabeleireiro. Segundo a polícia, o cozinheiro ainda contou que não queria confusão e se disse arrependido. Na delegacia, ele também teria dito que não sabia da morte de Plinio.
Apesar disso, a polícia pediu a prisão temporária do investigado à Justiça, que decretou que ele fique detido por 30 dias até o fim das investigações. Fúvio ainda deverá ser indiciado pelos policiais por homicídio qualificado por motivo fútil. Para a investigação, o cozinheiro matou o cabeleireiro após discussão motivada por homofobia.
“É um homicídio, no meu entender, de forma qualificada porque a questão homofóbica é o motivo fútil”, disse o delegado. “Uma pena muito alta de 12 a 30 anos [em caso de condenação na Justiça], que é justificada por tirar a vida de uma pessoa por um fato tão banal”.
Câmeras de segurança
A polícia chegou até o cozinheiro após analisar câmeras de segurança da rua que gravaram parte da confusão e vídeos do Metrô. Os investigadores identificaram primeiro o amigo do cozinheiro e depois localizaram Fuvio, que foi detido no hotel no bairro Paraíso, Zona Sul da capital, onde trabalha como auxiliar de cozinha.
Como o amigo de Fúvio não participou das ofensas homofóbicas e nem das agressões, e ainda colaborou com a investigação, ele não será responsabilizado pelo crime. As próprias vítimas relataram à polícia que ele tentou impedir o cozinheiro, pedindo que não xingasse.
As imagens das câmeras da esquina da Avenida Paulista com a Rua Brigadeiro Luís Antonio não mostram o momento da facada, mas registraram a discussão entre Fúvio, Plinio, seu marido e o casal.
Pelas imagens, é possível ver Plínio erguendo a camiseta ao notar que havia sido esfaqueado no peito. Em seguida, Fúvio foge e amigo dele vai embora.
Câmeras de segurança do Metrô também mostram o cozinheiro passando pelas catracas de uma estação.
O cabeleireiro foi socorrido e levado ao Pronto-Socorro do Hospital das Clínicas, onde não resistiu ao ferimento e morreu. Além de trabalhar em casa como cabeleireiro, Plínio complementava a renda fazendo serviços como auxiliar de cozinha e garçom em restaurantes.
Em entrevista à TV Globo, o marido de Plínio, Anderson de Souza Lima, falou que espera que seja feita Justiça no caso. “Para mim é difícil, muito difícil porque o Plínio era tudo para mim. Mas o que a gente quer mesmo é justiça. E espero que seja feita. Espero não, vai ser feita”.