Neste sábado, a revista do jornal francês “L’Équipe” propõe um especial sobre homofobia no esporte, com o título “Beijem quem vocês quiserem”. A capa estampa uma foto de dois atletas de pólo aquático se beijando, personagens do filme “Les Crevettes Pailletées” (que significa “Camarões com lantejoulas”) e será lançado no cinema em 8 de maio. A obra conta a história de um vice-campeão mundial de natação que, depois de ter feito declarações homofóbicas, foi condenado a treinar a equipe de pólo aquático “Camarões com lantejoulas” para os Gay Game, a maior competição esportiva entre pessoas LGBT do mundo.
A revista usa a cena do filme francês para mostrar que o gesto de amor não deveria chocar, e que a homofobia, na França e em outros países, é uma infração penal tanto na rua quanto no esporte. No Brasil, a homofobia ainda não é um crime tipificado, mas no dia 23 de maio o Superior Tribunal Federal (STF) vai retomar o julgamento que iniciou em fevereiro deste ano sobre a criminalização da LGBTfobia no país.
O especial, entre outros personagens, conta a história do jogador brasileiro de vôlei Michael dos Santos, que foi ofendido por torcedores durante a semifinal da Superliga de vôlei em 2011. O “L’Equipe” destaca que 420 mortes por LGBTfobia foram cometidas no Brasil em 2018, considerado o país onde mais se assassina pessoas LGBT no mundo.
Como os jogadores de futebol que disputam grandes ligas têm receio de sair do armário, a revista decidiu falar sobre o assunto mesmo sem o depoimento de um grande representante LGBT deste esporte. Mas cita o caso do ex-capitão da seleção de rúgbi do País de Gales, Gareth Thomas, que anunciou sua sexualidade e foi alvo de ataque pela orientação sexual em novembro passado.
Também menciona o zagueiro da seleção australiana Israel Folau e o ex-capitão da seleção francesa de futebol Patrice Evra, que publicaram mensagens homofóbicas em redes sociais no mês passado.
A reportagem conta com outras entrevistas, como a de Laurence Manfredi, atleta francesa do arremesso de peso, que despontou nos anos 2000 e conta como a sair do armário ajudou a se formar como esportista de alto rendimento. A revista discute sobre falar ou não do assunto no esporte, jogar ou não em um clube convencional ou em um clube LGBT, traz depoimentos de atletas amadores e enumera os documentários que abordam o tema.