Pernambuco

PM que agrediu casal que denunciou homofobia em carro da 99 após beijo será intimado

Segundo delegado Breno Varejão, empresa de transporte por aplicativo também será chamada para prestar informações sobre o caso do secretário parlamentar Eliseu Neto.

Eliseu Neto foi expulso de carro por motorista e agredido por policial militar após beijo no namorado, o técnico em segurança do trabalho Ygor Higino. (Foto: Reprodução/TV Globo)
Eliseu Neto foi expulso de carro por motorista e agredido por policial militar após beijo no namorado, o técnico em segurança do trabalho Ygor Higino. (Foto: Reprodução/TV Globo)

A Polícia Civil vai intimar a empresa de transporte por aplicativo 99 e a Polícia Militar para prestar esclarecimentos sobre a denúncia de homofobia feita pelo secretário parlamentar Eliseu Neto. Ele disse ter sido expulso de um carro por um motorista após beijar o namorado e agredido por um PM. As vítimas prestaram depoimento nesta segunda-feira (6), na Delegacia da Boa Vista, no Centro do Recife.

O caso aconteceu no sábado (4), depois que as vítimas saíam de um bar, também no bairro da Boa Vista. Responsável pela investigação, o delegado Breno Varejão solicitou ao comando da Polícia Militar que informe à Polícia Civil quem eram os policiais envolvidos no caso. A informação deve ser enviada na mesma semana.

A 99, por sua vez, deve informar quem era o motorista que expulsou os passageiros do carro. A empresa afirmou que o profissional foi banido da plataforma. A polícia tem 30 dias para concluir o inquérito.

O caso foi registrado como homofobia, que, de acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), é crime considerado análogo ao racismo.

Morador de Brasília, no Distrito Federal (DF), o psicólogo e ativista Eliseu Neto chegou à capital pernambucana no dia 24 de dezembro para aproveitar o recesso com o namorado, o técnico em segurança do trabalho Ygor Higino.

Eliseu foi responsável, junto ao partido Cidadania no Senado, pela ação no STF que resultou na criminalização da LGBTfobia. Segundo ele, o processo de denúncia tem sido cansativo.

“A gente ia para João Pessoa (PB) e para Porto de Galinhas [no Litoral Sul] e foi tudo cancelado. Eu estou na casa de pessoas que eu não queria incomodar e estou lá, recebendo repórter, dando entrevista. É extenuante. Eu imagino que a grande maioria das pessoas deve desistir na metade, mas acabei tendo isso como uma missão. Se fui eu que tornei a homofobia crime, levei isso para o STF, agora é a hora do cumpra-se, tem que levar isso até vias de fato”, declarou Eliseu.

Eliseu Neto e Ygor Higino denunciaram homofobia durante corrida no Recife. (Foto: Reprodução/TV Globo)
Eliseu Neto e Ygor Higino denunciaram homofobia durante corrida no Recife. (Foto: Reprodução/TV Globo)

Resposta

Por meio de nota, a 99 informou que recebeu, por meio das redes sociais, o relato de Eliseu Neto e que, assim que soube da notícia, baniu o motorista da plataforma.

A empresa disse que “uma equipe especializada está em contato com a vítima e seu namorado para oferecer todo o apoio e acolhimento necessários” e que “está disponível para colaborar com as investigações da polícia”.

O documento disse, ainda, que a empresa “repudia veementemente qualquer tipo de discriminação na plataforma e tem uma política de tolerância zero em relação a isso”.

A 99 afirmou que orienta e sensibiliza os condutores a atenderem todos os passageiros com respeito e que realiza, periodicamente, “nos 35 centros presenciais de atendimento (Casas99) distribuídos pelo país, rodas de conversas para orientar motoristas a terem uma postura de gentileza, boa fé e profissionalismo com todos”.

Entre as medidas citadas pela 99 para a capacitação dos motoristas está a implementação de cursos online e presenciais “abertos a 100% dos motoristas com foco em diversidade e cidadania”, com conteúdo que inclui módulos sobre combate à LGBTfobia.

A empresa informou, ainda, que “passageiros e motoristas que tenham sofrido qualquer forma de discriminação devem reportar imediatamente para a empresa, por meio de seu app, ou no telefone 0800 888 8999, para que o acolhimento e suporte necessários sejam oferecidos, além das medidas corretivas e colaboração com a investigação da polícia”.

Entramos também em contato com a Secretaria de Defesa Social (SDS) para saber se alguma punição deve ser aplicada aos policiais envolvidos, mas, até a última atualização desta reportagem, não obteve resposta.

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