A psicóloga Luciana Reis Maidana morreu na noite desta terça-feira (09), aos 47 anos, após sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Ela morava em Bagé, no interior do Rio Grande do Sul, com a companheira Lídia Brignol Guterrese e os três filhos legalmente adotados pelo casal.
Além de psicóloga, Luciana também era mãe de santo, responsável pelo centro de umbanda Ylê Águas de Oxum, e entrou para a história ao, há mais de 10 anos, conquistar o direito no STF de adotar dois filhos junto com uma companheira. Ela e Lídia foram o primeiro casal do mesmo sexo do Brasil a terem ambos os nomes na certidão de nascimento das crianças.
Na época em que elas adotaram dois dos três filhos, em entrevistas com as mães sobre a novidade, que explicaram melhor o arranjo familiar. Até o STF garantir o direito à maternidade para as duas, apenas Luciana constava como responsável legal pelas crianças. “Tivemos que fazer a adoção no nome de uma só. Nós passamos juntas pelo processo todo de adoção, como companheiras”, comentou a psicóloga.
Anos depois, uma terceira integrante se juntou à família. “[O que nos levou a a entrar com a ação foi] O fato de eles morarem com duas mães e chamarem duas mulheres de mães, mas ter o sobrenome só de uma. Isso até eles nos cobravam. Eles assinavam os nomes e colocavam Guterres (sobrenome de Lídia) no fim. Foi isso que nos levou a entrar com a ação”, explicou Luciana.
Apesar da decisão ter apenas 11 anos, ela foi decisiva para muitas pessoas e mudou a vida de várias famílias LGBT. A resolução garante, por exemplo, que com o falecimento da ativista, os filhos e Lídia tenham os mesmos direitos legais sobre as posses de Luciana.