Jovem de 20 anos é vítima de transfobia em bar de Balneário Camboriú
Vítima relata que foi agredida verbal e fisicamente e fez exame de corpo de delito.
A Polícia Civil investiga um caso suspeito de transfobia em um bar de Balneário Camboriú, no Litoral Norte catarinense. A vítima, uma mulher transexual de 20 anos, afirmou que foi agredida verbal e fisicamente e fez exame de corpo de delito. O caso ocorreu na madrugada de terça-feira (11).
O 4 Avenida Louge Bar enviou nota sobre o caso, mas não mencionou as supostas agressões. “Esta moça não recebeu nota fiscal em seu nome, pois não consumiu nada no estabelecimento. Foi entregue nota fiscal no nome do rapaz que a acompanhava, pois foi ele quem pagou pelas entradas, ou seja, nota gerada em nome dele e entregue em mãos”.
Relato
De acordo com o relato da vítima, Alice Beatriz Souza, tudo começou no momento em que ela, o irmão e mais um grupo de amigos decidiram entrar no estabelecimento, que cobrou dela o valor do ingresso masculino. Alice ainda está em processo de regulamentação do seu nome social, ou seja, nos documentos dela ainda consta o registro do nome masculino.
No relato à Polícia Civil, ela afirmou que, apesar de não ter tido sua identidade de gênero respeitada, acabou entrando no local. Ela explicou que as agressões começaram na hora em que ela foi pagar a conta e pediu a nota fiscal.
“Eles se recusaram a dar a nota. Depois, a gente tentou insistir, falou que era direito nosso pegar. Eles não queriam dar e tal. Aí chegaram a chamar o segurança pra expulsar eu e meu irmão de fora do estabelecimento. Cheguei a ser agredida pelo segurança e pessoas que frequentam o lugar”, disse Alice.
Conforme o boletim de ocorrência, o grupo de amigos foi agredido verbalmente pelos funcionários do local, que disseram “se retirem do local, travestis, senão iremos chamar o segurança”.
Em seguida, os seguranças vieram e empurraram o grupo para fora do bar, de acordo com o boletim de ocorrência. Alice caiu no chão e foi arrastada pelos profissionais, deixando marcas de ferimentos pelo corpo.
O amigo Luis Gustavo França, de 21 anos, disse também ter sido agredido. “Eu tentei ajudá-la [Alice]. Eu estou com marcas também. Começaram a puxar e empurrar a gente. Ela foi arrastada de dentro do estabelecimento para fora. Seguranças, funcionários que estavam lá dentro trabalhando, clientes que estavam na fila aguardando pela comanda também”, afirmou.
“Meu irmão foi pegar o celular e gravar pra mostrar. O segurança pegou meu celular, moeu. E não sei onde foi parar. Se jogaram fora, se está com eles”, disse Alice.
Alice contou que chegou a pedir ajuda e a Guarda Municipal de Balneário Camboriú apareceu no local, mas os agentes teriam ironizado a situação e não auxiliaram.
A Guarda Municipal de Balneário Camboriú disse por nota que “repudia qualquer tipo de discriminação e racismo e que os guardas são orientados a atender ocorrências sempre que solicitados. Mas não há no sistema da corporação o atendimento desse caso. A Secretaria de Segurança do Município está de portas abertas para conversar e esclarecer os fatos. O comando vai apurar quem eram os guardas no plantão pra verificar o que aconteceu”.