Uma cena inofensiva e bem humorada de um robô questionando hábitos de higiene humanos em uma animação acabou despertando uma revolta entre pessoas transfóbicas. A cena em questão faz parte da série ‘Baymax’, spin-off do filme ‘Operação Big Hero’ (2014), e mostra o robô fofo que dá nome ao programa pedindo indicações de absorventes para uma mulher em um mercado, no que recebe não só a sua sugestão, como a de outras pessoas, inclusive a de um homem trans, identificado pelas cores de sua camiseta, as mesmas do movimento trans.
Na série de seis episódios, o robô “companheiro de saúde pessoal” percorre a cidade de San Fransokyo ajudando as pessoas em diversas missões, muitas delas que fogem das tarefas ‘programadas’ para um ser cibernético. No terceiro episódio, uma menina de 12 anos chamada Sofia entra em um banheiro para todos os gêneros e fica horrorizada ao descobrir que ela começou sua primeira menstruação – logo antes de se apresentar no show de talentos da escola.
“Eu não estava preparada para isso!”, a menina grita com Baymax, em pânico. “E o dispenser [de absorventes gratuitos do banheiro] está vazio! E eu nem tenho nada! Um tampad. Um pad-pon. Um maxi-pad-pon com asas?”. Ansioso para ajudar, Baymax vai a um supermercado local adquirir o produto para a garota.
Impressionado com a variedade de opções, Baymax pergunta a uma mulher o que ela recomendaria. A princípio, a mulher fica surpresa, mas mostra o produto que sempre usa. Outros clientes prestativos no corredor – incluindo um pai comprando produtos para sua filha – notam e também dão suas recomendações à Baymax. Entre eles está um homem transgênero vestindo uma camisa de bandeira transgênero, que diz a Baymax: “Eu sempre pego os com abas”. O robô fofão é então mostrado carregando várias sacolas cheias de opções diferentes pelo corredor da escola.
A rápida aparição do personagem com a camisa nas cores em tons de rosa, branco e azul foi suficiente para o escritor transfóbico Christopher T. Rufo, que criticou a ideia de que os homens podem menstruar e twittou que o programa era “parte do plano da Disney de reestruturar o discurso sobre crianças e sexualidade”. O tweet se tornou viral nos círculos de pessoas preconceituosas do Twitter, conquistando quase 40.000 curtidas.
Alguns disseram que o clipe ainda faria seus filhos se sentirem “desconfortáveis”, mesmo que estivesse apenas discutindo os ciclos das mulheres e não incluísse o personagem trans.
Outros críticos da cena incluíram o deputado estadual do Texas Bryan Slaton, que recentemente anunciou planos de introduzir uma legislação LGBTfóbica para proibir crianças de assistirem a shows de drags, twittando: “Isso é tão doentio e estranho. adultos doentes que querem sexualizá-los e deixá-los ser crianças”.
Como se já não fosse o bastante, o público conservador encontrou mais motivos para atacar o estúdio de Mickey Mouse e companhia o episódio quatro da série, quando Baymax ajuda um homem chamado Mbita a sair com outro homem chamado Yukio depois de notar sua atração um pelo outro em voz alta. “Seu pulso e batimentos cardíacos aceleraram”, adverte Baymax depois que Mbita convida Yukio para jantar. “Sua glândula pituitária está secretando hormônios”, continua Baymax, antes de ser interrompido por um envergonhado Mbita.
A LGBTfobia segue críticas semelhantes direcionadas à Disney e à Pixar por incluir um beijo entre pessoas do mesmo sexo em ‘Lightyear’, a história de origem de Buzz Lightyear que estreou nos cinemas no início deste mês. No início deste ano, o filme de amadurecimento da Disney e da Pixar, ‘Red: Crescer é uma Fera’, também atraiu a ira dos conservadores por representações de puberdade e menstruação.