O país elegeu neste domingo um número recorde de candidaturas declaradamente LGBTQIA+ para o legislativo brasileiro. Ao todo, são 18 parlamentares, o dobro das eleições de 2018, quando nove candidaturas LGBTQIA+ saíram vitoriosas, mostra levantamento da ONG VoteLGBT. Foram quatro candidaturas à Câmara dos Deputados. Entre elas, as primeiras deputadas federais trans da História: Erika Hilton (PSOL – SP) e Duda Salabert (PDT – MG).
Mais 14 postulantes vão ocupar as assembleias legislativas dos estados. De acordo com a VoteLGBT, houve, ainda, um recorde de gênero e raça: entre todas as candidaturas, 16 são de mulheres e 14, negras. No Senado, no entanto, nenhuma pessoa LGBTQIA+ foi eleita neste domingo e continuamos só com Fabiano Contarato do PT.
A ONG VoteLGBT, que atua desde 2014 para aumentar a representatividade de pessoas LGBTQIA+ em todos os espaços, principalmente na política, mostra que o número de candidaturas também bateu recorde nas eleições deste ano. Ao todo, foram 317 pessoas LGBTQIA+ disputando o pleito de 2022 — mais que o dobro de 2018, quando a ONG mapeou 157 nomes.
“É uma grande vitória para a democracia brasileira. Não há democracia sem diversidade. Mostramos que existimos na população, a cada Parada do Orgulho, e agora em números recordes também nas urnas e como eleitas”, afirma Evorah Cardoso, pesquisadora do VoteLGBT.
Ela pondera, no entanto, que o número ainda é pequeno perto do universo de cargos eletivos:
“Ainda é muito pouco. Computando todos os cargos antes das eleições deste domingo, LGBTs ocupam só 0,16% da política. Não temos dados oficiais sobre a população LGBT, mas uma pesquisa recente mostrou que quase 10% da população é LGBT. Ou seja, é uma população muito sub-representada na política”, diz Evorah.
Segundo a pesquisadora, as candidaturas vitoriosas este ano são todas de esquerda. Não há representantes da centro-direita, cenário provavelmente explicado pelo baixo financiamento.
“Em 2020, vimos que os partidos de centro-direita investem duas vezes menos do que os de esquerda em candidaturas LGBTs. Precisamos ver se o padrão se repete este ano, mas sabemos que sem dinheiro não é possível eleger”, afirma.
O mapeamento do VoteLGBT foi feito tanto a partir das candidaturas que autodeclaram sua identidade de gênero e orientação sexual quando se cadastraram na plataforma VoteLGBT. A apuração foi feita em parceria com a Agência Diadorim, que checou em tempo recorde as candidaturas eleitas.