Fred, do BBB 23, comanda o canal Desimpedidos e trabalha com seu irmão Gabs Noah, que recentemente compartilhou nas redes sociais um relato da ajuda que o apresentador deu durante seu processo de transição de gênero. Segundo conta, o brother lhe deu uma cirurgia de retirada das mamas como presente de aniversário.
Gabs Noah é uma pessoa trans não binária. Ou seja, nasceu com um gênero que lhe foi atribuído ao nascimento por conta da genitália, mas com o qual não se identifica.
O irmão de Fred passou por uma transição para que, fisicamente, se reconheça dentro da própria identidade e aparência. Vale ressaltar que nem toda pessoa trans vê necessidade de hormonização ou cirurgias. Há casos de transição apenas social (mudança de nome, pronome, expressão de gênero).
O fato de Gabs ser não binário significa que, além de não se identificar com o gênero imposto socialmente em razão da genitália que possui, também não se reconhece nem como homem, nem como mulher.
É uma pessoa cuja identidade pode se encaixar com as representações associadas tanto ao masculino quanto feminino, ou não coincidir com nenhuma delas.
Gabs Noah aceita que as pessoas se refiram a sua pessoa como “ele/dele”, “ela/dela” ou “elu/delu”.
Mas a questão dos pronomes de tratamento é particular e é importante que, ao se comunicar com uma pessoa trans, você pergunte como ela quer ser chamada.
Eu realmente sou livre com relação a isso. Tem dias que me sinto mais ele, tem dias que me sinto mais ela e tem dias que só me sinto eu. Essa com certeza, com mais frequência”
Gabs Noah em publicação fixada nas redes sociais
Isso quer dizer que:
- A pessoa não binária não se identifica nem com o gênero masculino, nem com o feminino. Nesse caso, pode ser adotado o gênero neutro, mas também é possível transitar entre os gêneros ou até mesclá-los;
- A pessoa trans o não se identifica com o gênero imposto no nascimento, com base no sexo biológico;
- A pessoa transexual passa por uma transição, seja hormonal ou cirúrgica, com o objetivo de se parecer com sua identidade de gênero. Também é a pessoa que reivindica o reconhecimento legal e social como o gênero com o qual se identifica.
Se entender como pessoa trans não binária foi um processo para Gabs. No Instagram, ele comentou que cinco anos atrás se via como uma mulher com dreads no cabelo. Em julho de 2020, durante a pandemia da covid-19, começou a se questionar.
Embora pareça um fenômeno recente, a não-binaridade é comum na história da humanidade. Diversas civilizações reconhecem a existência de outras possibilidades de gênero além de masculino e feminino.
- Um dos exemplos são os “mahu” da Polinésia, que eram pessoas com uma identidade de gênero ambígua. Eles possuíam características sociais tanto do homem como da mulher;
- Na América pré-colombiana, os incas adoravam a Chuqui Chinchay, uma divindade que incorporava os gêneros masculino e feminino. Os xamãs que conduziam os rituais sagrados em honra a essa divindade pertenciam a um terceiro gênero, conhecido como quariwarmi, e cultivavam um visual andrógeno;
- Diversos povos originários da América do Norte também reconhecem identidade de gênero não-binárias, conhecidas como Two Spirit (Dois Espíritos). A ideia é que em um só corpo habita ao mesmo tempo um espírito feminino e masculino.