O Ministério Público Federal (MPF) instaurou procedimento para apurar possível prática de LGBTfobia praticada pelo pastor André Valadão durante transmissão de um culto de sua igreja pelo YouTube. Durante a pregação nos EUA no último domingo (2), o líder religioso disse que, se pudesse, “Deus mataria” e “começava tudo de novo”, se referindo à comunidade LGBTQIA+. Em seguida, afirmou aos fiéis que “agora estava com eles” e que deveriam “ir para cima”.
“Agora é a hora de tomar as cordas de volta e dizer: pode parar, reseta! Aí Deus fala: ‘não posso mais, já meti esse arco-íris aí, se eu pudesse eu matava tudo e começava tudo de novo. Mas já prometi pra mim mesmo que não posso, então agora tá com vocês”, disse Valadão no culto. A fala aconteceu na filial da Igreja Batista da Lagoinha em Orlando.
Ainda durante a pregação, o pastor chegou a associar pessoas LGBTQIA+ com a sexualização de crianças: “nas paradas homens e mulheres nuas, com seus órgãos genitais expostos, dançando na frente de crianças. Aí você horroriza. Essa porta foi aberta quando tratamos como nomal aquilo que a bíblia já condena”, afirmou.
O procurador regional dos Direitos do Cidadão (PRDC) no Acre, Lucas Costa Almeida Dias, é o responsável pelo procedimento junto ao MPF. Em nota, o órgão informou que “após a apuração dos fatos, o MPF encaminhará as medidas cabíveis para o caso”.
Dino diz que André Valadão ‘responderá’ pelo ato
Na manhã desta terça-feira (4), o ministro da Justiça, Flávio Dino, se pronunciou nas redes sociais a respeito da fala de Valadão, afirmando que ele “responderá por isso”.
“O suposto cristão que propaga ódio contra pessoas, por vil preconceito, tem no mínimo dois problemas. Primeiro, com Jesus Cristo, que pregou amor, respeito, não violência contra pessoas. “Amar ao próximo como a si mesmo”, disse Jesus. Segundo, com as leis, e responderá por isso”, escreveu Dino.
Erika Hilton apresentou representação ao MPMG
A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) também apresentou uma representação junto ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), estado onde a igreja de Valadão tem sede, após o pastor realizar um culto com o tema “Deus Odeia O Orgulho”, realizado no início de junho.
“É importante dizer que a fala feita pelo Representado (Valadão), independentemente do contexto em que foi dita, apresenta um perigo de absoluta preocupação, sobretudo no contexto em que o Brasil figura no topo da lista de países que mais matam e violentam pessoas LGBTQIA+ em todo o mundo”, diz o documento assinado pela deputada trans.
Na avaliação da parlamentar, o pastor cometeu incitação ao crime. Na denúncia, Hilton pede ainda que Valadão seja instado a “suspender a circulação nas redes sociais das manifestações por ele realizadas, em vista do evidente caráter criminoso de seu conteúdo”.
O Gay1 não conseguiu contato com a defesa de Valadão.