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Muita dor durante o sexo anal pode indicar problemas de saúde

E se for, a boa notícia é que há tratamentos, permitindo uma vida sexual plena e prazerosa.

Contudo, a dor constante, chamada de anodispareunia, pode ser um indicativo de problemas de saúde. (Foto: iStock)
Contudo, a dor constante, chamada de anodispareunia, pode ser um indicativo de problemas de saúde. (Foto: iStock)

Na prática do sexo anal, sentir um desconforto no início da relação ao ser penetrado é comum, afinal, ao contrário da vagina, o ânus é mais apertado e não tem lubrificação própria. Contudo, a dor constante, chamada de anodispareunia, pode ser um indicativo de problemas de saúde. A boa notícia é que há tratamentos, permitindo uma vida sexual plena e prazerosa.

O caminho do prazer

Ao contrário do que comumente é difundido, o prazer na região anal não está relacionado apenas ao estímulo da próstata: por ser uma área muito inervada, sensível e próxima aos genitais, faz com que o estímulo, seja com o pênis, brinquedos, mãos ou boca, possa ser bastante prazeroso.

E o lubrificante à base de água ou silicone é um aliado necessário para quem busca aproveitar relações anoreceptivas.

Por que está doendo?

O desconforto que surge num primeiro momento durante a penetração é esperado, já que entre o ânus e o canal anal, que são os primeiros 4-5 cm, estão localizados o esfíncter (musculatura dividida na parte externa, que é controlável, e interna, que se contrai involutariamnte) e os pontos de sensibilidade à dor.

Mas em poucos minutos passa. Quando a dor segue presente, pode ser indicativo de algo mais grave, como hemorroida trombosada (quando uma hemorroida interna ou externa está rompida), fissura, fístula e ISTs (sífilis e herpes), que causam inflamação ou úlcera no ânus.

Fatores psicológicos também podem afetar algumas pessoas. Funciona assim: para que ocorra uma relação confortável, é preciso que haja o relaxamento da musculatura do esfíncter anal externo e interno. Experiências prévias de desconforto, ansiedade, abuso, medo de se sujar com fezes, entre outros, podem influenciar na dificuldade da relação anal passiva.

Como tratar

O procedimento médico será recomendado de acordo com cada caso. Entre as possibilidades está o uso de pomadas para fissuras; toxina botulínica (aplicado na borda do ânus, normalmente em dois ou mais pontos), que ajuda a relaxar a contração do esfíncter anal interno; e cirurgia em casos de fissura crônica.

Os profissionais mais indicados para fazer uma avaliação são os médicos coloproctologista, cirurgião do aparelho digestivo e o gastroenterologista.

Psicólogos e terapeutas pélvicos também podem auxiliar no processo de cura.

Sem tabu

Embora pouco falado, independentemente de você praticar ou não sexo anal, é preciso fazer um autoexame na região, pois ajuda a identificar lesões que necessitam do acompanhamento médico.

Durante a higienização, por exemplo, apalpe para ver se não há carocinhos ou algum ponto mais sensível. Sintomas como dor, sangramento nas fezes e coceiras também precisam ser avaliados. Algumas doenças da região do ânus podem ser assintomáticas, como as lesões pelo HPV, além de outras ISTs, como clamídia e gonorreia.

Pode papel higiênico?

Apesar de estar presente em quase toda casa brasileira, o papel higiênico não é recomendado —além de não limpar corretamente, é prejudicial pelo atrito que causa. Os lenços umedecidos são uma opção menos pior quando comparados ao papel higiênico, mas também provocam atrito e possuem em sua composição produtos que podem causar irritação e alergias.

A melhor maneira é lavar a parte externa com água e sabão neutro.

Dica extra: para quem é fã de perfume íntimo, ele deve ser aplicado apenas nas nádegas (bumbum). Evite o contato direto com a mucosa do ânus, que é muito sensível e pode levar ao desenvolvimento de irritações e alergias.


Fontes: Eduardo Perin, médico psiquiatra, especialista em terapia cognitivo-comportamental e em sexualidade pelo Instituto Paulista de Sexualidade e pesquisador do Centro de Assistência, Ensino e Pesquisa em Transtornos do Espectro Obsessivo-Compulsivo da Unifesp; Vinícius Lacerda Ribeiro, médico-cirurgião do aparelho digestivo no NuMA (Núcleo de Medicina Afetiva) e assistente do ambulatório de doenças infecciosas do ânus e do reto do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo); e Shirlane Frutuoso, membro titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia, coordenadora da residência médica em coloproctologia do Hospital Municipal Santa Isabel de João Pessoa (PB), coloproctologista do Hospital Universitário da UFPB e professora de coloproctologia da Faculdade de Medicina Nova Esperança.

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