Brasília será palco da primeira edição da Marsha Trans Brasil, que ocorre no próximo domingo (28/1), com concentração às 13h, em frente ao Congresso Nacional. A passeata, que é uma iniciativa da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), seguirá até o Museu Nacional da República e tem como intuito festejar os 20 anos do Dia da Visibilidade Trans, celebrado anualmente no dia 29 de janeiro.
A grafia de “Marsha” é uma homenagem a ativista trans e artista estadunidense Marsha P. Johnson, ícone do movimento pelos direitos LGBTQIA+. Marsha é uma mulher trans que teve papel de destaque na revolta de Stonewall, em 1969, que tornou-se um epicentro do levante pelos direitos da comunidade LGBTQIA+ nos Estados Unidos.A Marsha conta com o apoio do Instituto Brasileiro de Transmasculinidade e mais de 40 instituições, que juntas, pretendem mobilizar a maior ocupação feita por pessoas trans e travestis já feita no Brasil. Nesta primeira edição, a mobilização tem como madrinhas Erika Hilton (PSOL-SP) e Duda Salabert (PDT-MG), primeiras deputadas federais trans do Brasil.
🏳️⚧️ VAI TER MARSHA TRANS ✊🏾✨️
— ERIKA HILTON (@ErikakHilton) January 24, 2024
Nesse 28 de Janeiro, vai rolar a 1ª Marsha Trans Nacional em Brasília, da qual, orgulhosamente sou madrinha!
Nos reuniremos às 13h, em frente o Congresso Nacional, pra marchar pelo nosso direito à vida, à dignidade e à identidade.
A… pic.twitter.com/raoJkZZZxW
Pelas redes sociais, Erika Hilton publicou um vídeo com o convite para a marcha. “Recebo com alegria esse convite e venho aqui convidar vocês, aliados, pessoas trans, travestis, transvestigêneros, para se juntar a essa importante iniciativa que celebra os 20 anos de visibilidade, mas também demarca os avanços que tivemos até aqui e os avanços que ainda precisamos construir para uma sociedade melhor, justa e equânime para todos nós. Por isso ocuparemos as ruas, assim como ocupamos durante todo o ano, ocuparemos no dia 28, para lembrar de nossas lutas, para lembrar de nossas vozes, e pra lembrar que nossa resistência está mais firme do que nunca”, disse Erika.
Para a Antra, a visibilidade trans nacional é um marco histórico iniciado em 2004, resultado da atuação da entidade junto ao Ministério da Saúde, quando nasceu a primeira campanha pelos direitos trans e travestis, intitulada “Travestis e Respeito”. “Nossa busca é por um futuro cada vez mais possível, onde a visibilidade trans não seja apenas um lembrete anual, mas uma realidade diária”, reforça Bruna Benevides, secretária de articulação política da Antra.Caravanas de todos os pontos do país são esperadas na Esplanada dos Ministérios. De acordo com a organização, as principais pautas que serão cobradas na Marsha Trans serão o direito à educação, saúde pública, segurança, memória e acesso à Justiça, além da luta contra o novo RG, que mantém o “nome morto” junto ao nome social e incluiu o campo “sexo”. Além disso, o movimento cobra cotas para pessoas transsexuais e travestis em universidades e em concursos públicos.
Quem foi Marsha P. Johnson?
Marsha P. Johnson (24 de agosto de 1945 – 6 de julho de 1992) foi uma ativista americana pela libertação LGBT no início dos anos 1970. Ela foi uma das figuras proeminentes no levante de Stonewall em 1969. Johnson foi membro fundadora do Gay Liberation Front e cofundou o grupo ativista Street Transvestite Action Revolutionaries (S.T.A.R.), ao lado de sua amiga próxima Sylvia Rivera.
Nascida em Elizabeth, Nova Jersey, Johnson começou a usar vestidos aos cinco anos, mas parou temporariamente devido ao assédio que sofria. Ela se mudou para Nova York aos 17 anos com apenas $15 e uma sacola de roupas. Johnson inicialmente usava o apelido “Black Marsha”, mas depois escolheu o nome “Marsha P. Johnson”, tirando “Johnson” do restaurante Howard Johnson’s na 42nd Street. O “P” significava “pay it no mind” (não ligue para isso), uma frase que ela usava sarcasticamente quando questionada sobre seu gênero.
Marsha P. Johnson também foi ativa na cena artística de Nova York, modelando para Andy Warhol e atuando com o grupo de performance Hot Peaches. A partir de 1987, ela se tornou uma ativista na causa HIV com o grupo ACT UP.
O corpo de Johnson foi encontrado flutuando no Rio Hudson em 1992. Inicialmente, a polícia de Nova York classificou sua morte como suicídio, mas controvérsias e protestos seguiram o caso, que foi eventualmente reaberto como um possível homicídio.
Legado e Homenagens
Marsha P. Johnson é lembrada como uma das primeiras a frequentar o Stonewall Inn e é considerada uma das pessoas que estiveram na vanguarda da resistência contra a polícia durante os tumultos de Stonewall. Em 2020, o East River State Park no bairro de Williamsburg, em Brooklyn, Nova York, foi renomeado como Marsha P. Johnson State Park, tornando-se o primeiro parque estadual de Nova York a ser nomeado em homenagem a uma pessoa LGBTQ.