A Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Londres tem sido alvo de acusações de realizar terapias de suposta pratica de “cura gay”, após um programa investigativo da BBC Panorama.
A descoberta indica que uma filial da IURD na capital britânica teria tentado realizar expulsões de “espíritos malignos” em um jovem gay de 16 anos. Segundo informações coletadas pelo programa, um pastor da igreja foi visto conduzindo “orações fortes” para afastar o que seria um demônio do adolescente.
Mais alarmante ainda é o relato de um ex-membro da igreja, que afirmou ter sido submetido a essas “orações fortes” aos 13 anos, em uma tentativa de mudar sua orientação sexual. Ele revelou ter sido forçado a participar desses rituais com o objetivo de se tornar heterossexual.
A IURD, em resposta às acusações, afirma que menores de 18 anos não deveriam participar desses cultos e que não realizam terapia de conversão. No entanto, a investigação da BBC Panorama mostrou que a igreja pratica regularmente “orações fortes” para expulsar espíritos malignos, muitas vezes com líderes descrevendo condições médicas, como a epilepsia, como problemas espirituais.
Este não é o primeiro incidente que envolve a IURD em controvérsias. A igreja enfrentou críticas e foi alvo de investigações após o trágico assassinato de Victoria Climbie, uma criança de oito anos torturada até a morte por parentes que a levaram à filial da igreja antes de seu falecimento. A investigação revelou preocupações sobre a falta de uma política formal de proteção infantil na instituição.
O programa da BBC Panorama realizou filmagens secretas em uma filial da IURD em Brixton, sul de Londres, onde um culto de grupo de jovens foi registrado. Nas imagens, um pastor pode ser visto conduzindo “orações fortes” em um adolescente gay de 16 anos, pedindo para que um suposto espírito maligno deixasse o corpo do jovem.
Essa revelação gerou grande preocupação entre os especialistas em proteção infantil, com membros de um painel independente do governo enfatizando a necessidade de aprender com os trágicos eventos do passado, referindo-se ao caso Victoria Climbie.
Os depoimentos de ex-membros também trouxeram à tona alegações de tratamentos inadequados e coercitivos, incluindo a recorrência das “orações fortes” em pessoas com problemas de saúde mental, indo contra a política de salvaguarda proclamada pela igreja.
A IURD respondeu às alegações da BBC, negando a prática de terapia de conversão ou a realização de “orações fortes” com base em questões de sexualidade ou identidade de gênero. Afirmaram ainda que recebem pessoas de todas as orientações sexuais e identidades de gêneros.