Mulher de Curitiba é mantida em cárcere pela namorada, em Brasília
Jovem de 22 anos foi resgatada pelos policiais civis do DF. A autora, de 41, foi presa em flagrante. Ela ameaçava, agredia e humilhava a vítima.
Uma conversa em um aplicativo de relacionamento se tornou um terror na vida de uma jovem de 22 anos. Ela saiu de Curitiba (PR), onde mora com os pais, com destino a Brasília, para viver com a companheira, de 41 anos, em uma casa de Taguatinga. Após três meses de convivência, a brasiliense tomou o celular da jovem, a impediu de manter contato com os parentes e a manteve em cárcere privado até quinta-feira passada, quando foi resgatada por policiais civis da Divisão de Repressão a Sequestros (DRS/PCDF).
O namoro entre as duas mulheres começou durante o carnaval, no final de fevereiro. A troca intensa de mensagens não era suficiente e a jovem decidiu vir para Brasília para conhecer a companheira pessoalmente. Depois, retornou para Curitiba, mas, dias depois, a brasiliense foi até à cidade natal da jovem e a buscou de carro.
Mas, o relacionamento entre as duas era resumido a brigas tóxicas, humilhações e até agressões psicológicas, segundo as investigações da polícia. Por dias, a paranaense deixou de contatar os parentes, o que causou estranheza. Em 22 de maio, a mãe dela procurou a sede do 13º Distrito Policial, em Curitiba, para dar queixa.
Pedido de socorro
O boletim de ocorrência registrado pela mãe veio após a jovem conseguir entrar em contato com os familiares por meio de um SMS. Escondida, ela pediu socorro e disse que a companheira a mantinha em cárcere privado, a impedia de usar o celular, de manter contato com a família e de sair desacompanhada da residência.
Os policiais do Grupo Tigre da PCPR confirmaram a história e pediram apoio da DRS/PCDF. Os policiais civis do DF diligenciaram com as informações repassadas e identificaram a autora, que, inclusive, tem histórico de violência doméstica contra uma ex-namorada.
Em 23 de maio, os agentes arrombaram o portão da casa. Em depoimento, a vítima contou que vivia um relacionamento abusivo e que estava, de fato, em cárcere privado, proibida de sair desacompanhada e sem acesso ao seu próprio celular. Segundo ela, a autora havia retirado o chip do telefone. A vítima relatou também que, ao manifestar interesse em romper o relacionamento, em 1º de maio, a autora a agrediu, ameaçou e excluiu todos os contatos da agenda do celular e de um aplicativo de mensagens.
No DF, a jovem trabalhava na empresa da companheira, uma fábrica de tijolos de cimento localizada na residência, mas não recebia salário. A mulher foi presa em flagrante por crime de cárcere privado, combinado com a Lei Maria da Penha.