A atriz Alice Braga abriu o coração em uma conversa com a jornalista Maria Fortuna para o videocast “Conversa vai, conversa vem”, do jornal O Globo. Alice, que ao longo dos anos já namorou homens e mulheres, falou sobre como foi lidar com a pressão para definir sua orientação sexual, um tema que lhe traz novos questionamentos ao longo da carreira.
“Hoje em dia, o ambiente é mais acolhedor, mas no início da minha carreira não havia tanta abertura. Senti uma pressão grande para dizer o que eu era, quando nem eu mesma sabia se era bi, gay ou hétero,” conta Alice. Ela recorda que, no começo dos seus 20 anos, viveu um processo intenso de autodescoberta em que precisou enfrentar a si mesma e os julgamentos externos. “Os desejos que temos são parte de quem somos. No início, ficava com medo do que os outros iam pensar, de virar um estereótipo. Hoje, me sinto bem mais aberta e confortável para ser eu mesma.”
Segundo Alice, essa evolução reflete anos de luta e conquistas de gerações passadas, embora ainda existam desafios no Brasil, país que se mantém no topo de índices de violência contra pessoas LGBTQIA+. “Ainda somos um país altamente homofóbico e transfóbico, o que é grave. O Brasil é um dos que mais mata pessoas trans, homossexuais e bissexuais. Isso é algo sobre o qual precisamos falar.”
O diálogo aberto sobre sexualidade é, para ela, uma forma de ajudar outras pessoas em processos de autocompreensão e aceitação. “Fico triste pensando em quantos jovens sofrem por isso. Especialmente pessoas trans, que vivem a dor de estar em um corpo que não corresponde ao que sentem. Falar sobre isso é uma forma de incentivar a liberdade de ser o que se é.”