Dois homens foram brutalmente espancados até a morte em Yaoundé, capital de Camarões, após serem acusados de “práticas homossexuais” dentro de um carro estacionado. O episódio ocorreu em setembro, mas veio à tona esta semana após repercussão na imprensa internacional e nas redes sociais. As vítimas, ambos com cerca de 40 anos, foram alvo de uma multidão enfurecida depois de serem vistos conversando em um veículo, após uma visita a um bar local.
De acordo com o portal Star Observer, o ataque teria começado quando testemunhas relataram que o carro estava “balançando”, o que levou o grupo a suspeitar de um momento íntimo entre os dois homens. A multidão os forçou a sair do veículo e, após intervenção policial inicial, que resultou na prisão e posterior liberação dos dois mediante pagamento de suborno, os homens foram novamente atacados ao tentar retornar ao carro. O grupo os despiu e os espancou até a morte, em um crime registrado em vídeo e compartilhado nas redes sociais. O episódio de violência extrema gerou indignação e acendeu o alerta para a crescente hostilidade contra pessoas LGBTQIA+ na África.
A violência homofóbica, endossada pelo código penal de Camarões, permite até cinco anos de prisão para pessoas LGBTQIA+ e cria um ambiente propício a perseguições e abusos. Esse caso é apenas um exemplo da pressão que a comunidade enfrenta. Organizações de direitos humanos denunciaram o assassinato, ressaltando a necessidade de mudanças urgentes na legislação e de esforços internacionais para a proteção dos direitos humanos no país.
Em paralelo, defensores LGBTQIA+ locais também estão sob ataque: 13 ativistas da organização Alternatives-Cameroun foram detidos recentemente em uma operação policial, sendo alguns submetidos a exames invasivos — considerados tortura por organizações de direitos humanos. O caso dos dois homens e a repressão constante contra ativistas LGBTQIA+ evidenciam o clima de insegurança para aqueles que expressam sua orientação sexual no país.
Autoridades e organizações de direitos humanos internacionais exigem a liberação dos ativistas detidos e uma investigação sobre a morte dos dois homens, reiterando a necessidade de uma mudança urgente nas políticas e atitudes para assegurar proteção e igualdade para pessoas LGBTQIA+ em Camarões e em outras regiões da África onde a criminalização da homossexualidade perpetua um ciclo de violência e preconceito.