Linn da Quebrada falou pela primeira vez sobre o início da sua vida sexual, aos 14 anos. A atriz e cantora transexual revela que nessa idade costumava vigiar os homens urinando no banheiro do shopping em que trabalhava, em Rio Preto, São Paulo.
“Fui eu que inaugurei o banheirão (risos). Sou uma das precursoras”, disse ela, rindo, em entrevista ao Queen Cast, ao se referir ao termo usado para descrever a interação sexual entre homens em um banheiro público.
“Essas são coisas que eu não falei em lugar nenhum. Foi quando eu comecei a trabalhar, aos 14 anos. Eu ia ao banheiro, dentro da cabine e ficava espiando os bofes mijando de dentro do buraquinho. E me masturbava ali dentro. Ficava 1 hora inteira no banheiro”, revelou ela, hoje com 34 anos.
Linn destaca ter sido uma criança reprimida, criada na igreja Testemunha de Jeová. “Eu tenho questões que guardei nessa repressão, essa coisa do banheiro, escondida, reprimido. A cidade era muito pedófila e racista”, argumenta.
Ela diz que o banheiro público era o espaço onde ela permitia viver aquela experimentação sexual.
“O que aconteci ali, ficava ali. Eu saia dali e voltava a ser Testemunha de Jeová, que eu fui até os 17 anos. O banheiro foi propício para a minha experienciação sexual. Eu estava lá nesse banheiro, descobri, daqui a pouco estava dando uma mamadinha, uma coisinha ou outra…”
A atriz ainda faz uma reflexão sobre os banheiros públicos, que na visão dela, são um espaço de produção da masculinidade.
“O que mais me impressiona é como esses espaços de reiteração e produção da masculinidade, o banheiro ele é ferramenta da cis hétero normalidade de produção dos gêneros. E dentro dessa ferramenta, é onde se distorce a produção da masculinidade. Tem lá um mictório que é um espaço de performa social. Poderia ter só uma cabine. Mas não, homem precisam performar e ser vistos nessa performa de masculinidade. O mictório é também para o desvio da masculinidade”, disse.