Rio de Janeiro

Mulher desiste de alugar imóvel após descobrir que inquilinos eram gays

A dona do apartamento negou ser homofóbica, mas disse que, por ter problemas na justiça com o ex-marido e pai do filho dela, o aluguel poderia gerar complicações.

Os dois já tinham começado a fazer a mudança quando o contrato foi cancelado. (Foto: Reprodução/GloboNews)
Os dois já tinham começado a fazer a mudança quando o contrato foi cancelado. (Foto: Reprodução/GloboNews)

Um casal diz que foi impedido de alugar um apartamento no Recreio, na Zona Oeste do Rio, por conta dos dois serem gays. A proprietária cancelou o contrato depois de saber que eles iam se casar.

O engenheiro Márcios dos Santos já havia levado um eletrodoméstico e móveis para o imóvel, mas teve que retirar após o cancelamento do contrato. Ele entrou na justiça por danos morais contra a dona do apartamento.

A negociação foi feita por aplicativo de mensagens e visitas pessoalmente. Márcio chegou a ir até o local quatro vezes, mas ele sempre estava sozinho. Durante as idas, ele chegou a dizer que a locação seria para dois homens, mas não citou a relação amorosa.

Depois de uma visita do casal, a dona do imóvel enviou mensagens a Márcio questionando se o casamento dele era com o amigo que havia levado ao apartamento ou com uma mulher.

Dona do imóvel enviou mensagens a questionando se o casamento era com o amigo ou com uma mulher. (Foto: Reprodução/Globo News)
Dona do imóvel enviou mensagens a questionando se o casamento era com o amigo ou com uma mulher. (Foto: Reprodução/Globo News)

Ao responder que ia se casar com o homem, conta Márcio, a proprietária disse que não era homofóbica, mas que, por ter problemas na justiça com o ex-marido e pai do filho dela, a locação poderia gerar complicações para ela.

Crime de LGBTfobia

O Supremo Tribunal Federal decidiu, em junho de 2019, que atos de LGBTfobia passariam a ser classificados como crime. Ministros consideraram que ações preconceituosas contra pessoas LGBT deveriam ser enquadradas no crime de racismo.

Apesar disso, Márcio não quis entrar com processo criminal contra a proprietária, mas disse que ficou chocado com o preconceito.

“Seria nosso primeiro lar construído e isso foi desfeito. Qualquer busca que a gente faça do casamento, a gente avisa se tem algum problema de serem dois homens, porque o trauma foi tão grande e a gente não quer ter uma surpresa desagradável”, lamentou o engenheiro.

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