Política

MPF recomenda que deputada do PSL se retrate após publicação homofóbica

Em suas redes sociais, Christiane Tonietto teria relacionado a pedofilia ao movimento LGBT. No Brasil, homofobia é crime desde junho de 2019.

Christiane Tonietto, PSL/RJ, foi notificada pelo MPF e, se não justificar a afirmação, foi recomendada a se retratar. (Foto: Michel Jesus/ Câmara dos Deputados)
Christiane Tonietto, PSL/RJ, foi notificada pelo MPF e, se não justificar a afirmação, foi recomendada a se retratar. (Foto: Michel Jesus/ Câmara dos Deputados)

O MPF (Ministério Público Federal) recomendou hoje que a deputada Christiane Tonietto (PSL/RJ) justifique, com base em evidências científicas, uma afirmação considerada homofóbica publicada em suas redes sociais. Na ocasião, a parlamentar teria relacionado a pedofilia ao movimento LGBT.

Em nota, o órgão alertou que “a Constituição Federal prevê a construção de uma sociedade livre, justa, solidária e sem preconceitos” e afirmou que “a expressão ‘ideologia de gênero’ foi utilizada de forma vaga, imprecisa e descontextualizada”, com o objetivo de “criar obstáculos para o reconhecimento de direitos sexuais e equidade de gênero”.

O MPF lembrou, ainda, que na maioria dos casos de agressão sexual contra menores, o agressor é um homem próximo, geralmente um familiar.

“Em sua publicação, Christiane Tonietto induz falsamente a opinião pública a acreditar que todo o grupo de pessoas LGBT+ seria propenso a cometer os graves crimes que giram em torno da pedofilia, gerando preconceitos e reforçando estigmas”, escreveu o MPF.

A parlamentar foi notificada e, caso não justifique a afirmação, foi recomendada a se retratar.

Homofobia é crime!

Em 13 de junho de 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por maioria de votos, a criminalização de atos de LGBTfobia.

Os ministros consideraram que atos preconceituosos contra pessoas LGBT devem ser enquadrados no crime de racismo.

Conforme a decisão da Corte:

  • “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito” em razão da orientação sexual ou identidade de gênero da pessoa poderá ser considerado crime;
  • a pena será de um a três anos, além de multa;
  • se houver divulgação ampla de ato LGBTfóbico em meios de comunicação, como postagem em rede social, a pena será de dois a cinco anos, além de multa;
  • a aplicação da pena de racismo valerá até o Congresso Nacional aprovar uma lei sobre o tema.

Na época, o Brasil se tornou o 43º país a criminalizar a LGBTfobia, segundo o relatório “Homofobia Patrocinada pelo Estado”, elaborado pela Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Intersexuais (Ilga).

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