Brasil

Camarote Solidário da Parada LGBT arrecada 3,3 toneladas de alimentos

Da Agência de Notícias da Aids

Cada convidado do Camarote é solicitado a trazer 6kg de alimentos (Foto: Denis Scott)Cada convidado do Camarote é solicitado a trazer 6kg de alimentos (Foto: Denis Scott)

A 10ª edição do Camarote Solidário arrecadou aproximadamente 3,3 toneladas de mantimentos, que serão agora destinados a todas as 11 organizações não governamentais que já receberam ajuda desta iniciativa. As equipes da Agência de Notícias da Aids e do Condomínio Conjunto Nacional, organizadores deste evento, estão muito felizes e satisfeitas com os resultados obtidos nesta ação. Mais uma vez, graças ao apoio daqueles que contribuíram para a realização do Camarote, várias famílias terão a garantia de alimentação por meses.

O Camarote Solidário, evento idealizado pela jornalista Roseli Tardelli, reúne no mezanino do Conjunto Nacional, durante a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, ativistas, artistas, médicos, jornalistas, gestores públicos, entre outros convidados que apoiam de alguma forma os direitos da população LGBT e as pessoas com HIV e aids. Para cada convidado, pede-se 6kg de alimentos como ingresso no espaço.

As centenas de quilos de arroz, macarrão, feijão, farinha, fubá, óleos e outros enlatados doados garantem agora a alimentação de várias famílias por meses.

Em 2012, para marcar os 10 anos de Camarote, a Agência de Notícias da Aids coordenou a produção de uma revista especial que conta a história do evento e das ONGs contempladas.

Alimentos serão destinados a 11 organizações não governamentais que já receberam ajuda desta iniciativa (Foto: Denis Scott)Alimentos serão destinados a 11 organizações não
governamentais que já receberam ajuda desta
iniciativa (Foto: Denis Scott)

Concebida por Roseli e pela também jornalista Fátima Cardeal, a revista foi editada por Thiago Calil e Lucas Bonanno; e contou com reportagens de Thiago, Lucas, Luciano Testa, Talita Martins, Fernanda Teixeira e Fábio Serrato; e artigos de André Fischer, Toni Reis, José Araújo Lima Filho, Regina Silva, Nair Brito e João Silvério Trevisan. O projeto gráfico foi de Silvio Testa.

Foram impressos três mil exemplares, que começaram a ser distribuídos na Feira LGBT de São Paulo, durante o Camarote e agora com ajuda das ONGs.

Impressa na Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, a revista foi produzida com apoio do Governo do Estado de São Paulo, dos laboratórios MSD e Janssen-Cilag e do Centro de Referência e Treinamento de DST/Aids da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.

A 10ª edição do Camarote recebeu apoio da Contax, Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, JPMiguel Engenharia e Condomínio Conjunto Nacional.

ONGs contempladas:

Brenda Lee – Primeiro grupo a receber os mantimentos arrecadados pelo Camarote, a Casa de Apoio Brenda Lee foi instituída em 1988 e abriga adultos soropositivos que não estão num estágio avançado da doença, mas que não podem ou não conseguem trabalhar no momento e nem têm autonomia para viver sem apoio. Criada pela travesti Brenda Lee (nascida Cícero Caetano Leonardo, em 1948, em Pernambuco), a Casa foi uma das primeiras do País a abrigar LGBTs e portadores de HIV rejeitados por parentes e amigos. Brenda foi brutalmente assassinada com um tiro em 1996.

GAPA-SP – O Grupo de Apoio à Prevenção à Aids de São Paulo, uma das primeiras ONG/Aids da América Latina, presta atendimento jurídico e social e ações educativas sobre HIV e aids. Hoje, mais de seis mil processos que estão em andamento na justiça paulista nas áreas trabalhistas e de medicamentos são acompanhados de perto pelo grupo. “Os alimentos do Camarote já nos tiraram do alguns sufocos. Com as doações, nós conseguimos garantir a distribuição das cestas básicas por três ou quatro meses”, conta a Presidente Áurea Abbade.

Vida Nova – O Instituto Vida Nova – Integração Social, Educação e Cidadania foi criado em 2000, na zona Leste de São Paulo. O grupo atende hoje mais de 900 pessoas da região. “Não somos uma ONG assistencialista. Aqui ajudamos as pessoas a buscar qualidade de vida e se inserir novamente na sociedade”, afirma Américo Nunes, um dos fundadores da instituição. O grupo montou uma academia gratuita, com piscina para hidroginástica e uma sala de informática, além de manter um intenso trabalho de visita domiciliar, assistência social, grupos de vivência e aulas de dança do ventre. Os alimentos servem para auxiliar pessoas como, por exemplo, Maria Neuza, de 52 anos. Ela usa as cestas para alimentar os cinco filhos, que perderam a mãe há três anos em decorrência da aids.

MAPA – O Movimento de Apoio ao Paciente de Aids, criado em 1988, no Jardim Claudia, periferia Oeste da cidade de São Paulo, tem grande dificuldade para conseguir recursos para manter as contas em dia. Dira Leila Moretti Gomes, presidente da instituição, diz que algumas pessoas da região fazem doações mensais, mas ainda não é o bastante para suprir as necessidades da ONG. Além de apoio com cestas básicas, a ONG promove oficinas de convivência para proporcionar troca de experiências e habilidades de geração de renda, como confecção de fraldas descartáveis e sacolas plásticas.

Siloé – A Casa de Apoio Siloé tem hoje mais de 20 moradores. São crianças e adolescentes. A entidade foi idealizada, em 1994, pelo padre italiano Valeriano Paitoni, então páraco da Igreja Nossa Senhora de Fátima do Imirim, zona Norte da cidade. Desde a sua fundação, o trabalho da ONG cresceu e deu frutos. O Lar Suzanne nasceu em 1998 em homenagem a uma menina ajudada pela Casa Siloé. Em 2006 surge a terceira entidade, a Vila Vitória, criada para atender jovens que completaram 18 anose não foram adotados nem voltaram para sues familiares.

CRD – Acolher, amparar e dar oportunidade. Essa é a rotina do Centro de Referência da Diversidade, na Praça da República. Criado em 2008 pelo Grupo Pela Vidda (Valorização, Integração e Dignidade do Doente de Aids), o CRD é um espaço para atender gay, lésbicas, travestis, transexuais e portadores do HIV em situação de vulnerabilidade e risco social. A esta população são oferecidos serviços que vão desde acolhida e escuta especializada às múltiplas necessidades do usuário a encaminhamentos para assistência social, jurídica e saúde. “Quando recebemos alimentos, fazemos um mapeamento principalmente entre as travestis que têm uma moradia e a cesta básica lhe traria uma melhor suplementação”, explica a coordenadora Irina Bacci.

EPAH – O Espaço de Prevenção e Atenção Humanizada tem dois principais eixos de atuação: monitoramento dos serviços de saúde voltados às pessoas com HIV e a realização de ações de prevenção ao vírus focadas no público jovem. A região de trabalho da entidade é principalmente a periferia da Zona Sul da capital paulista. Segundo explica o diretor José Araújo Lima Filho, a ONG não doa cestas básicas mensalmente, mas distribui alimentos de acordo com as demandas que surgem. “Tinha um garoto, de 16 anos, que morava sozinho por ter sido expulso de casa. Ele participava de um projeto e sempre passava mal. Descobrimos que era de fome”, lembrou.

GIV – A partir de sua sede na Vila Mariana, zona Sul de São Paulo, o Grupo de Incentivo à Vida realiza cerca de 400 atendimentos mensais sobre as mais variadas questões, desde auxílio jurídico, que é o foco da entidade, até a busca de informações sobre a aids. Claudio Pereira, advogado e presidente do GIV, explica que o grupo oferece uma refeição a um preço bem mais acessível. “Com os alimentos que recebemos de doações, oferecemos um jantar por R$ 4. É uma forma de fazer com que a pessoa possa se vincular à instituição e ainda arrecadamos fundos para manter tudo em pleno funcionamento”, conta.

Lar Somando Forças – A Casa de Apoio abriga, no Centro da capital, 14 travestis com HIV ou outras doenças sexualmente transmissíveis. Fundada em 2002, o grupo recebe pacientes de diversos hospitais de São Paulo, principalmente do Emílio Ribas. A ONG ainda conta com um sítio em Juquitiba, a 74 quilômetros da capital, onde vivem outras 10 travestis. A maior necessidade da Casa é ter alimento para todos os habitantes. “Nós firmamos convêncio com os supermercados Pão de Açúcar e Sans Clube. Além disso, também recebemos doações de algumas pessoas que conhecemos e do Camarote Solidário. Mesmo assim, a situação é difícil”, lamenta Michelly Alves, presidente da instituição.

DIET – Destacada por ser a única organização não governamental de Guarulhos, na grande São Paulo, especializada no atendimento de pessoas com HIV e aids, o Instituto DIET (Direito, Integração, Educação e Terapêutica em Saúde e Cidadania) oferece à população todo o auxílio necessário em questões jurídicas e alimentícias. Também é referência na inclusão dos portadores do vírus em escolas, cursos profissionalizantes e no mercado de trabalho. Atualmente, o Instituto DIET ajuda 150 famílias. A distribuição de cestas básicas, no entanto, acontece conforme a necessidade de cada uma, identificada no momento do cadastro ou na visita domiciliar. As mães com crianças pequenas, por exemplo, podem ter o benefício durante um ano. Em outros casos, esse período não ultrapassa o limite de três ou seis meses.

Filhos de Oxum – Criada em 1987 pelo psicólogo e ativistas Laércio Zaniquelli, o Centro de Convivência Infantil Filhos de Oxum atende em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, 10 crianças entre zero e cinco anos. “São indivíduos que foram encaminhados pelo Conselho Tutelar ou pela Vara da Infância e Juventude devido às vulnerabilidades sociais, como negligência nos cuidados higiênicos e de alimentação, maus-tratos, abandono, pais dependentes químicos ou que morreram em decorrência da aids”, relata a assistente social Regina Corrêa Oliveira. Com tantas crianças, a arrecadação de mantimentos, como as recebidas através do Camarote Solidário, é sempre bem-vinda. “Nós oferecemos seis refeições diárias às crianças: café da manhã, lanche, almoço, café da tarde, jantar e ceia”, conta.

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