Israel concede divórcio a casal gay apesar de proibir união
Decisão pode abrir precedente para que casamentos não sejam mais conduzidos por instituições religiosas israelenses.
Do OperaMundi
Pela primeira vez em Israel, um casal gay obteve permissão para se divorciar – uma decisão contraditória, uma vez que o casamento entre pessoas do mesmo sexo não possui status legal no país.
O juiz Yehezkel Eliyahu, da vara de família Ramat Gan, na região de Tel Aviv, concedeu o divórcio a Uzi Even, de 72 anos, e seu parceiro há 23 anos, Amit Kama, 52. Especialistas legais enxergam que o acontecimento pode abrir precedentes para direitos LGBT em um país cujas tradições familiares são fortes e cortes religiosas supervisionam casamentos, divórcios e enterros.
O Ministério do Interior ainda teria o poder de vetar a decisão, mas o processo provavelmente teria que passar pela justiça, explicou à agência Reuters Judith Meisels, advogada do casal. Em 2006, uma decisão da Suprema Corte forçou o mesmo ministério, liderado por um gabinete ultra ortodoxo, a reconhecer casamentos entre pessoas do mesmo sexo realizados fora do país.
“A ironia é que, por um lado, é um começo de revolução civil, e por outro, é baseado em divórcio em vez de casamento”, disse Kama. Ele e Even, ambos israelenses, se casaram em Toronto em 2004, não muito tempo depois de o país legalizar o casamento igualitário. Eles conseguiram obter um registro do casamento em Israel, apesar de o documento não ter valor legal. Como não cumpriam os requerimentos de moradia canadenses, demoraram meses até finalizar os trâmites de dissolução. Ao mesmo tempo, em Israel, cortes rabínicas ignoraram o processo, Kama explica.
Por isso, o casal recorreu às varas de família. “É a primeira vez na história israelense que um casal judeu obtém um divórcio assinado por uma autoridade e não por um rabino, e acho que aí existe um potencial significativo para casais de sexos diferentes”, afirma Zvi Triger, vice-reitor da escola de Direito Haim Striks.
“Se tivemos sucesso em nos sobrepor à tirania de instituições religiosas nas nossas vidas pessoais, então estou muito satisfeito”, contou Kama ao portal Ynet.
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