Foto: Reprodução/Facebook
Avelino com os filhos, Hugo e Lucas, à época com 1 e 3 anos, respectivamente.
Avelino Mendes Fortuna tem 60 anos e é de Goiânia (GO). Viúvo e agrimensor aposentado, teve três filhos. O mais velho deles, Lucas, foi assassinado em 2012, levado pela homofobia. Ele tinha apenas 28 anos.
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Lucas Fortuna tinha apenas 28 anos quando foi assassinado, vítima da homofobia.
Lucas era jornalista, ativista LGBT e árbitro esportivo. Adorava vôlei e o que mais gostava de fazer era trabalhar com pessoas portadoras de deficiência. Foi assassinado meses antes de celebrar mais uma conquista na sua carreira: tornar-se árbitro nacional. Seu sonho era arbitrar um jogo durante as Paralimpíadas. Apesar de sinais claros de fundo homofóbico nas circunstâncias de sua morte, nunca foi reconhecido oficialmente que o crime foi motivado pela LGBTfobia.
Ainda que tenha sido mais um jovem a entrar para as estatísticas da LGBTfobia no Brasil, o pai de Lucas não se conformou em reduzir sua história a essa narrativa. Avelino decidiu usar tristeza e luto como matéria-prima para ação e luta. Desde então, é ativista pelos direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, pessoas trans e intersex.
Avelino é a prova viva de que a população LGBTI não é a única vítima das discriminações e violências baseadas em orientação sexual ou identidade de gênero: elas atingem também pais, mães, amigos, familiares e todos aqueles que estão ao redor de pessoas LGBTI.
Para além disso, muitas vezes, pessoas que não são LGBTIs, mas que são percebidas como tal, tornam-se também alvo de ataques ou agressões LGBTfóbicas. Em 2011, no interior de São Paulo, pai e filho foram espancados por um grupo de 20 pessoas ao andarem abraçados: os agressores acharam que eram um casal. Enquanto o filho teve ferimentos leves, o pai terminou com um pedaço da orelha decepado, arrancado por uma mordida.
Onde quer que vá, Avelino emociona a todos com a sua coragem, serenidade e generosidade em compartilhar a história do filho. Seu amor por Lucas fica estampado no rosto, nos gestos e nas palavras sempre que fala do filho, um sentimento que contagia quem quer que pare um instante para ouvi-lo contar a história. No dia das gravações, Avelino usava a camisa de árbitro do filho.
A militância pelos direitos LGBTI acabou virando, para ele, um modo de manter viva a memória de Lucas. “Me sobrou essa tarefa de não deixar a luta dele morrer. A única homenagem justa e digna que posso fazer para ele e para a mãe é não deixar que a luta dele morra”.
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