A Parada do Orgulho LGBT deste domingo (25) em Brasília reuniu 60 mil pessoas segundo a organização. De acordo com a Polícia Militar, não houve tumulto ou registro de ocorrência. Na 20ª edição, o tema deste ano foi “religião não se impõe, cidadania se respeita”, em defesa do Estado laico.
“O estado laico deve ser para toda a sociedade. As religiões não devem interferir na cidadania das pessoas”, disse o coordenador da Associação, Michel Platini para Agência Brasil. Ele lembrou que, em outras épocas, outros grupos já foram vítimas de intolerância religiosa, como as mulheres e os negros. “Hoje, o foco somos nós, mas outros segmentos da sociedade já passaram por isso”.
A marcha começou se concentrando em frente ao Congresso Nacional. Depois, andou pela via N1 do Eixo Monumental até a altura da Funarte. Dois trios elétricos davam conta da música durante o evento.
“É hora de a gente lutar pelos nossos direitos. Também é oportunidade de celebrar conquistas”, afirmou um ativista no trio.
Lei 2.615
Durante a Parada, foi lembrada a regulamentação da lei 2.615 de 2000 de combate à LGBTfobia, que ocorreu na sexta-feira (23). Ela proíbe qualquer tipo de discriminação por conta da orientação sexual ou identidade de gênero, trazendo previsão de multas de até R$ 10 mil em casos de intolerância.
Porém, um dia após comemoração da regulamentação na Parada, nesta segunda-feira (26) 9 distritais votam a favor, após pressão da bancada evangélica, da derruba do decreto que regulamenta lei. Em nota, o governo disse lamentar e afirmou que vai recorrer da decisão da Câmara Legislativa. “Trata-se de uma atitude ilegal por invadir área jurídica restrita do Executivo, e que não encontra respaldo na realidade dos dias de hoje. O Estado tem que garantir a liberdade de expressão, de credo religioso e o direito de orientação sexual de cada cidadão, evitando qualquer tipo de preconceito e violência.”
Mães pela diversidade
O grupo Mães pela Diversidade, que é um coletivo nacional de pais e mães que trabalham em favor dos direitos civis de filhos e filhas LGBT, também estava presente no evento, com uma barraca para acolher e dar informações aos pais. Mônica Monteiro, integrante do movimento, tem duas filhas lésbicas, e diz que a família é fundamental para a conquista de direitos iguais.
“Somos pais e mães que aceitaram, que acolheram seus filhos dentro do processo todo. Tem alguns pais que tiveram alguma dificuldade, mas ela está superada”, afirmou.
O Ministério da Saúde distribuiu 19 mil camisinhas masculinas e duas mil camisinhas femininas durante o evento.